Seguro contra a inadimplência protegem empresas contra calotes
O serviço pode ser contratado para as vendas a prazo nos mercados interno e externoEm tempos de crise, o risco de inadimplência é um fantasma. Uma empresa que deixa de pagar outra pode desencadear calotes em cascata. Uma alternativa para evitar este caos é o seguro de crédito. Ainda pouco conhecida no Brasil, a modalidade serve exatamente para proteger empresas de maus pagadores. O seguro pode ser contratado para as vendas a prazo no mercado interno, assim como para as voltadas à exportação – mas são necessárias duas apólices distintas. Com o produto, a empresa pode acionar a seguradora se o cliente atrasar o pagamento, pedir concordata ou decretar falência. O valor do seguro é calculado com base na estimativa das vendas a prazo que serão feitas ao longo do ano, usando como base o histórico da empresa para cada cliente e o banco de dados da própria seguradora. “É praticamente inviável fazer um seguro apenas para um contrato. É preciso comprá-lo para toda a carteira de clientes ou pelo menos a maior parte dela, incluindo quem sempre pagou em dia”, explica o advogado Dinir Salvador Rios da Rocha, especialista em direito securitário do escritório Azevedo Sette. As estimativas das vendas a prazo costumam ser revistas a cada três meses, assim como o valor do seguro. O preço é um percentual do total das vendas anuais a prazo. A variação é grande – algo entre 0,1% e 2%. Para chegar ao valor a ser cobrado, leva-se em conta o histórico de inadimplência dos clientes, seus setores e, no caso das exportações, o chamado risco país (índice calculado por bancos de investimento). O valor ressarcido nunca é integral ao que deixa de ser pago. Geralmente varia entre 75% e 90%. Essa diferença funciona como uma franquia. Mas se a seguradora conseguir recuperar todos os bens vendidos e não pagos, por exemplo, nesse caso tudo é devolvido ao segurado. Um dos principais pontos negativos do seguro de crédito, porém, é o prazo para recebimento da indenização – cerca de seis meses. “As pequenas empresas têm de avaliar, além do custo, se suportam essa espera”, ressalta o advogado Dinir da Rocha. Daniel Nobre, diretor da Coface, uma das seguradoras que atuam no país, disse que, no Brasil, o produto ainda é adotado praticamente só por grandes empresas. Mas são as pequenas que correm maior risco, porque raramente têm uma área de análise de crédito para dar suporte à equipe de vendas, diz.
Fonte: Revista PEGN | Globo