Maioria dos que migram tem até 25 anos
Em busca de serviços que atendam a um perfil de consumidor diferente do
passado, que depositava todas as fichas no relacionamento com o velho e
bom gerente do banco. Hoje, o relacionamento é praticamente virtual. O
que conta pontos na hora da escolha são os históricos de desempenho de
rentabilidade, os custos e informações transparentes para que o cliente
possa avaliar a solidez da instituição frente à mais grave crise
financeira do século.
Esse novo perfil de cliente traz mudanças significativas para as
empresas. Segundo uma pesquisa realizada pela Mercer, uma das
principais consultorias de previdência do mundo, 95% das pessoas sacam
100% dos recursos acumulados quando se aposentam. O que deixa
subentendido que o dinheiro terá um uso imediato. O maior índice de
pessoas que portam os recursos previdenciários, no entanto, está na
faixa etária de até 25 anos. “Isso prova que vem aí uma nova geração,
diferente da anterior, que pouco teve acesso à educação financeira e
por isso tem dificuldades de buscar e entender os produtos
financeiros”, Carolina Wanderley, consultora da Mercer.
Yvo Prado, superintendente de produto da corretora Pamcary, 48 anos,
faz parte de uma geração que cresceu sem educação financeira, mas que
aprendeu a buscar informações para evitar as perdas registradas pela
geração de seus pais.
Comprou um plano de previdência para garantir um futuro melhor na
aposentadoria. Optou por fazer a aplicação em um PGBL para ter o
incentivo fiscal do abatimento de 12% da renda bruta na declaração
completa do Imposto de Renda no Bradesco, onde centraliza sua rotina bancária.
Cinco anos depois da compra do plano, ao ler a edição da revista “Valor
Invest” com o ranking dos fundos de previdência, percebeu que a sua
poupança estava aplicada em um plano com apenas duas estrelas. “Quando
comecei a analisar, vi que pagava taxas elevadas e ainda tinha uma
rentabilidade menor do que a média”, conta. Foi até a agência para
negociar com o gerente, com a revista em punho.
“Ele me disse que era assim mesmo e não poderia mudar as
características do produto.” Os gerentes têm, efetivamente, pouca
flexibilidade para negociar.
O produto é aprovado pela Superintendência de Seguros Privados (Susep), o órgão regulador, e proíbe a mudança das características.
“A taxa de administração não pode ser mudada, mas podemos negociar a
taxa de carregamento”, explica Edson Lara, gerente de produtos do HSBC Seguros.
Prado decidiu ir ao Banco do Brasil para aplicar num plano da
Brasilprev. “Nunca imaginei que fosse tão simples. Apenas assinei um
papel que o gerente do banco me trouxe e recebo em casa um boleto que
pago pela internet para fazer o aporte mensal. Se quiser fazer um
depósito único, consultar saldos e taxas, acesso o portal na web”,
conta.
Fonte: Valor