Plano é o mais ambicioso desde 1930
Procurando promover a inovação e desencorajar os abusos, o presidente
dos Estados Unidos, Barack Obama, lançou ontem, em Washington, as bases
para o mais ambicioso plano de regulamentação financeira no país desde
a década de 1930.
O programa atinge não apenas bancos. Servirá também para seguradoras,
empresas do setor de crédito e gigantes das áreas industrial e
comercial, como General Electric, Ford e Wal-Mart -que se prepara para
criar um grande braço financeiro em suas operações.
Qualquer empresa que tiver atividades financeiras, mesmo que para
financiar seus consumidores, poderá ficar sob o guarda-chuva do
programa.
Os três pontos principais do pacote federal são dar maior poder de
intervenção do governo no mercado financeiro, permitir mais
transparência e aumento das necessidades de capital nos bancos, e
proporcionar proteção aos consumidores de produtos financeiros (de
empréstimos ao consumo e imobiliários, via cartões de crédito ou para o
ensino).
Bancos e instituições que atuarem no mercado de securitização de dívidas terão de ficar com pelo menos 5% desses papéis.
A securitização ocorre quando débitos de terceiros, como financiamentos
imobiliários, são embalados em novos produtos e vendidos no mercado a
investidores. A ideia central é que os bancos assumam uma parcela do
risco dessas operações, levando-os a serem mais conservadores.
Boa parte da atual crise está enraizada nesse mercado. As dívidas
imobiliárias subprimes (de mutuários sem bom histórico de crédito)
foram empacotadas em produtos financeiros e vendidas ao redor do
mundo. A remuneração desses papéis era, em parte, a prestação que o
mutuário pagava.
São esses títulos que se transformaram nos ativos tóxicos que hoje entopem as carteiras de crédito dos bancos.
Congresso
O novo plano será alvo de intenso bombardeio de lobistas e de parlamentares na sua tramitação no Congresso.
Diferentemente do Brasil, o lobby, no Congresso norte-americano, é uma
atividade aberta e emprega centenas de profissionais bem remunerados
para defender os interesses de suas respectivas indústrias. (das
agências).
Fonte: O Globo