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Mulheres em evidência: Na Espanha, sapatos com balanço brasileiro

Era 1986. Com 18 anos completados dentro do próprio avião que a levara ao Japão, a brasileira Chie Mihara passava seu primeiro verão no país de onde seus pais haviam saído décadas antes. Para estudar design em Fukuoka, deixara Goiânia e a família para viver com um tio do lado materno numa pequena vila a duas horas da faculdade. Da janela da sua casa, só se viam plantações de arroz. Elas estavam por toda parte. Mas havia mais coisas em sua imaginação. Em um pequeno caderno, Chie desenhou uma linha do tempo que dizia mais ou menos o seguinte: levaria mais dois anos para se formar e, então, iria trabalhar com a estilista japonesa Junko Shimada. Depois, viveria em Londres ou Nova York para aprimorar o inglês. Finalmente, se mudaria para a Itália ou para a França, onde se casaria, teria filhos e lançaria a sua própria marca de roupas.
Um enredo de cinema, sonhos que passam pela cabeça de tantas mocinhas. Mas, com algumas alterações no roteiro, foi mais ou menos isso que aconteceu na vida de Chie a partir dali. Ela completou o curso na Universidade de Kyushu, uma das faculdades públicas de maior prestígio do Japão, e, em vez de ir trabalhar com Junko Shimada, se juntou à equipe de criação de uma homônima, Junko Koshino, em Tóquio. Ficou por ali dois anos, se mudou para Nova York, onde viveu por cinco anos e estudou design de acessórios no Fashion Institute of Technology (FIT). Aos 27, finalmente chegou à Espanha, na pequena cidade de Elda, em Alicante. E foi lá, em 2001, que lançou a sua grife Chie Mihara. Não de roupas, mas de sapatos femininos.
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Desenhar sapatos é como fazer esculturas, diz Chie, que não entende a fixação feminina pelos produtos que cria
No primeiro ano, mil pares foram produzidos. Hoje, oito anos depois, os sapatos Chie Mihara são vendidos no mundo todo. Estão nas grandes lojas de departamento de luxo como Bergdorf Goodman e Saks Fifth Avenue, em Nova York, Selfridges e Harrods, em Londres e Printemps, em Paris, além de pequenas butiques selecionadas. São 110 mil pares por ano, a maior parte para exportação, e um faturamento de cerca de 11 milhões de euros. O sucesso chegou rápido. No atacado, cada par é vendido por cerca de 100 euros. Mas as consumidoras pagam de 200 euros a 400 de euros para ter um dos seus sapatos, sandálias ou botas.
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Fonte: Valor

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