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INVESTIMENTOS: Fôlego renovado

Depois de um ano sofrível como o de 2008, com desempenho fraco e saída de recursos, os multimercados dão sinais de recuperação. Já há quem arrisque dizer que eles serão os grandes vencedores do ano, por conta da flexibilidade que têm para apostar tanto na alta quanto na baixa dos mercados e ainda pela variedade de ativos disponíveis, inclusive internacionais, para extrair valor. A volatilidade relativamente menor neste ano em relação a do ano passado é outro fator importante uma vez que aumentam as chances de os gestores acertarem os cenários.
A inversão de rota dos multimercados começou a se dar em novembro do ano passado, com retorno de 1,67%, o equivalente a 167% do CDI, de 1% naquele mês, mostra o índice Arsenal Composto, calculado com base em uma carteira teórica de multimercados abertos para captação. Desde então, o desempenho da categoria tem superado o indicador mês a mês. No ano até o dia 17, o ganho médio dos multimercados foi de 5,27%, ou 154,5% do CDI, que variou 3,41% no período. Em 12 meses até março, a performance (12,34%) ainda estava abaixo do CDI, de 12,72% no período, mostra o índice Arsenal Composto.
O desempenho favorável dos multimercados, associado à redução momentânea do apetite dos bancos por captar recursos via CDBs, amenizou a saída de recursos. No ano, até o dia 16 de abril, o saldo líquido acumulado das aplicações em multimercados estava negativo em R$ 4,5 bilhões. O resultado, no entanto, já é bem melhor ante o comportamento verificado ao longo de 2008 até janeiro último, mês em que os resgates líquidos superaram os R$ 9 bilhões. Em fevereiro, a categoria atraiu R$ 3,034 bilhão e, em março, mais R$ 2,073 bilhões. Neste mês, até o dia 16, os multimercados perdiam R$ 748 milhões, segundo dados da Associação nacional dos Bancos de Investimentos (Anbid).
“Como o investidor acaba olhando os resultados mais recentes, com os juros caminhando para um dígito, independente da velocidade, ele será estimulado a buscar alternativas que agreguem mais valor e os fundos multimercados são uma alternativa interessante”, afirma o sócio-fundador da Claritas Investimentos, Marcelo Karvelis. Na visão dele, os multimercados têm tudo para se dar bem neste ano.
Apesar da melhora recente de humor, Karvelis diz que os fundamentos econômicos globais continuam ruins. “O que vimos foi um mercado de alta dentro de uma tendência de baixa, uma correção de curto prazo, mas estruturalmente ainda há muitos problemas que precisam ser solucionados”, destaca. Num cenário ainda difícil e volátil, no universo dos fundos, os multimercados são os que mais têm capacidade para tirar vantagem desse ambiente, em que o mercado pode subir ou cair, diz Karvelis.
Enquanto um fundo de ações só tem uma operação para fazer, que é comprar empresas, o gestor de multimercado tem mais liberdade para operar comprado (apostando na alta) e vendido (acreditando na baixa) não só na renda variável como em qualquer outro ativo aqui e no exterior. “Há muito mais ativo para o fundo multimercado buscar oportunidades”, diz Karvelis. Hoje, acrescenta o gestor, a maioria está operando com baixa exposição ao risco, privilegiando apostas de curto prazo que podem ser revertidas rapidamente.
Uma das principais lições tiradas desta crise foi a necessidade ter controles rígidos de risco, destaca Karvelis. “A indústria de fundos hoje está mais conservadora em relação ao tamanho das posições e às regras de stop loss (limitação de perdas).”
Para Fernando Ganme, sócio da Capital Investimentos, este será o ano dos multimercados, especialmente os de estratégia macro e long/short, graças à flexibilidade que o gestor tem não só para mudar de posições rapidamente, mas para operar comprado ou vendido. Com isso, capturar os movimentos de mercado sem correr grandes riscos. “Neste ano, os multimercados já ganharam um caminhão de dinheiro no mercado de juros e alguma coisa com apostas vendidas em dólar”, diz o executivo.
De fato, as carteiras com estilo macro de gestão, que fazem investimentos direcionais tentando antecipar grandes movimentos macroeconômicos, foram bastante beneficiadas pela melhora recente de humor e maior visibilidade na área de juros. O movimento de corte da taxa Selic iniciado em janeiro foi a grande aposta desses fundos e o responsável pela retomada da categoria. No ano até o dia 17, o ganho dos fundos de estratégia macro chegou a 6,18%, o equivalente a 181,2% do CDI, que foi de 3,41%.
Os prêmios no mercado de juros já encolheram, destaca Karvelis, da Claritas, na esteira da divulgação de dados melhores, uma vez que a pressão sobre o Banco Central para cortes maiores diminuiu. A recuperação da bolsa ao longo deste ano, que também ajudou alguns gestores de multimercados, pode não perdurar, segundo analistas. “Há uma discussão acalorada no mercado se essa retomada da bolsa é sustentável”, afirma Karvelis. Para quem espera mais notícia ruim, caso da Claritas, o momento é de cautela.
O cenário externo representa uma ameaça, na visão do gestor. “O mercado lá fora se animou nos últimos dias, mas, no médio e longo prazos, questões como a flexibilização das regras de marcação a mercado de ativos pelos bancos internacionais representam um risco grande para o sistema, uma vez que o problema não foi solucionado”, alerta.
Na última terça-feira, o Fundo Monetário Nacional (FMI) divulgou que a crise global vai gerar US$ 4,1 trilhões em perdas às entidades financeiras dos Estados Unidos, Europa e Japão, considerando o período de 2007 a 2010. Até agora, o FMI tinha calculado apenas perdas potenciais por ativos americanos, que por sinal foram revisadas para US$ 2,7 trilhões, US$ 500 bilhões a mais que o estimado em janeiro.

Fonte: Valor

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