Na mira dos ladrões
O chão de terra batida da antiga fábrica de tecidos de Deodoro virou um mar de asfalto. Sobre ele, carros enfileirados se repetem. Para onde se olha há sempre um Gol e um Uno, ou vários lado a lado, de todos os anos e versões. Na parte das motos, as Honda CG se amontoam em cores desbotadas. Estamos no Pátio Legal, para onde vão veículos recuperados após roubo ou furto. O que vemos é um reflexo das estatísticas levantadas pela Superintendência de Seguros Privados (Susep).
Os dados da Susep abrangem apenas veículos segurados, mas são uma boa amostra do todo. O cálculo considera qual é a porcentagem de roubos e furtos para cada modelo, método que permite comparações. No Rio e Grande Rio, a lista é encabeçada por carros de grande volume de vendas e longa história. Parati, Gol, Uno e Saveiro assumem, nessa ordem, as quatro primeiras posições. O Fiat Stilo, com sua fama de rápido, vem em quinto.
A violência prejudica o bolso não só na ocorrência de um assalto. Quando as seguradoras decidem os parâmetros para fixar os valores das apólices, os dados referentes à segurança têm peso maior.
– Um dos fatores que mais interfere é o CEP do proprietário, não importa qual seja o perfil do cliente. Bairros das zonas Norte e Oeste e cidades da Baixada Fluminense estão entre os que mais sofrem com contratos caros. Muitas seguradoras nem aceitam fazer a apólice de modelos visados em endereços considerados de risco – explica Pedro Costa, da Thopus Corretora e Administradora de Seguros.
As informações dadas pelo corretor batem com os levantamentos da Delegacia de Roubos e Furtos de Automóveis (DRFA). Diariamente, 20 equipes se dividem pelas áreas mais críticas do Rio e Grande Rio na Operação Gavião, cujo intuito é encontrar veículos roubados. Caxias, Bonsucesso, Tijuca e Realengo estão entre os alvos mais recorrentes das blitzes.
Fonte: O Globo