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Odebrecht fecha apólice de R$ 3 bi para Santo Antônio

A Odebrecht Corretora de Seguros (OCS) acaba de concluir uma transação que pode ser considerada o maior negócio do ramo de seguro garantia já feito no mundo. Depois de quase quatro anos de trabalho intenso e uma verdadeira operação de guerra, envolvendo centenas de profissionais e dezenas de seguradoras e resseguradoras do País e do exterior, a empresa responsável pela análise dos riscos e pelo programa de seguros da maior construtora brasileira emitiu as últimas duas apólices do pacote de seguro garantia que asseguram o cumprimento das obrigações contratuais para toda a construção e instalação de equipamentos da usina hidrelétrica de Santo Antônio, no Rio Madeira, em Rondônia.
As apólices dão respaldo ao plano de investimento e execução do projeto do consórcio Santo Antônio Energia SA (Saesa), formado  por Odebrecht, Furnas, Andrade Gutierrez, Cemig e um Fundo de Participações (FIP), cujos cotistas são os bancos Santander e Banif. Esses seguros cobrem um risco parcial de R$ 2,4 bilhões, divididos em R$ 1,8 bilhão para a garantia da execução do empreendimento (performance bond) e R$ 605 milhões referentes a um pagamento adiantado pelo consórcio. Considerando uma apólice emitida antes do leilão, vencido pela Saesa em 2007, e outra acerca da concessão da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), fechada em abril do ano passado, o pacote de seguro garantia da hidrelétrica assegura cobertura de mais de R$ 3 bilhões. “Depois da obra do Canal do Panamá, é a maior apólice de seguro garantia do mundo”, comemorou Marcos Lima, diretor-superintendente da OCS.
De acordo com executivos que acompanharam as negociações de perto, seguradoras e resseguradoras envolvidas faturaram em torno de R$ 100 milhões, incluindo o fechamento de uma apólice de risco de engenharia. “Foi uma paulada. O prêmio ficou perto dos R$ 100 milhões”, afirmou um profissional, solicitando sigilo. Outra fonte ouvida pela Gazeta Mercantil revelou: “foram várias viagens para a Europa e para os Estados Unidos para levantar capacidade financeira de cobertura dos riscos. A crise atrapalhou, pois muitos mercados evaporaram. O IRB (principal ressegurador brasileiro) usou toda a capacidade dando apoio para as apólices.”
Saga
Na quarta-feira, o executivo da OCS responsável pela “Missão Santo Antônio”, Laudelino Soares, fez questão de protocolar as cópias autenticadas das apólices na sede do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no Rio de Janeiro. Principal financiadora do projeto, somente com a contratação do seguro garantia a instituição começa a liberar os mais de R$ 10 bilhões previstos para a construção de Santo Antônio. “Com o sucesso da operação, os desembolsos começam a ser feitos já neste mês”, explica Soares. Unibanco, Santander, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Banco da Amazônia, Banco do Espírito Santo, Bradesco e Banco do Nordeste são os outros agentes financeiros do projeto e canais de distribuição do BNDES.
Segundo Luís Barretto, diretor da área garantia da OCS, foi necessário contar com um painel de seguradoras e resseguradoras para a contratação do pacote de seguros. São elas: Itaú Unibanco, Zurich, JMalucelli, Cesce Brasil e a filial nacional da AIG; o número de grupos resseguradores, responsáveis por diluir o risco no mercado internacional, é ainda maior: AIG, Zurich, Swiss Re, Partner Re, Transatlantic Re, Hannover Re, Everest Re, JMallucelli Re, Scor e IRB-Brasil Re. Lideradas pela OCS, as corretoras participantes foram: AON, Marsh, WS Active e REP.
Barretto lembra que o negócio foi conduzido durante o pior momento da crise financeira internacional. “O processo de consolidação das garantias vem desde 2005, mas foi formalmente colocado no mercado a partir de outubro do ano passado. Levamos quatro meses para fazer a colocação. Conseguimos, inclusive, atender às demandas de responsabilidade ambiental e de sustentabilidade dos resseguradores internacionais”, disse.
Soares complementa: “Surpreendentemente, a vasta quantidade de estudo e de informação e o excelente histórico das empresas do consórcio não motivaram que nenhum ressegurador negasse o risco por razões técnicas.” Uma avaliadora de risco independente, a Scott Wilson, foi contratada para garantir mais transparência à transação. Segundo ele, nem mesmo os problemas enfrentados pela AIG afetaram o negócio. “A seguradora continua sólida, os problemas vêm da área financeira.” A extensão das apólice de garantia é de sete anos, com acréscimo dos dois primeiros anos seguintes ao fim da obra.

Fonte: Gazeta Mercantil

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