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Uma cobertura importante na crise

Faz muitos anos que as seguradoras brasileiras oferecem cobertura contra desemprego temporário. É uma garantia normalmente acessória das apólices de vida, em suas diferentes versões. É assim que ela aparece acoplada ao seguro prestamista, ao seguro educação, ao seguro de vida em grupo, sempre com um limite de tempo, que raramente ultrapassa seis meses.
Esse tipo de cobertura começou a ser comercializado nos anos 1990, inicialmente para garantir o pagamento de prestações mensais destinadas a quitar a compra de lotes imobiliários. Na época de seu lançamento, como não era um momento de crise e de desemprego, a garantia era um diferencial oferecido por determinadas empresas imobiliárias para atrair os potenciais compradores.
Pouco depois, o Brasil entrou num momento econômico mais delicado e as indenizações começaram a pipocar, em função do desemprego crescente. Em função disto, e de na época ainda ser uma garantia incipiente, ou seja, sem massa de prêmios significativa, várias pessoas ligadas ao mercado prognosticaram o fim da garantia para desemprego temporário. Afinal, se o negócio das seguradoras é pagar sinistros, como sociedades anônimas, elas devem ser rentáveis e remunerar o capital de seus acionistas.
Mas, mostrando maturidade empresarial, as seguradoras mantiveram a garantia para desemprego temporário e, com o passar da crise, ela começou a ser incluída em outros tipos de apólices de vida, como cobertura acessória, tendo um papel cada vez mais relevante para todos os envolvidos.
Para a seguradora, pelo aumento do prêmio. Para o segurado, pela certeza do pagamento de sua obrigação num momento difícil, quando ele, em função da perda do emprego, perde o rendimento mensal básico. E para o beneficiário, pela certeza de manter os valores médios de faturamento, já que a garantia cobre o pagamento da mensalidade do devedor desempregado durante um determinado número de meses.
O Brasil está entrando numa quadra adversa. Não há como, neste momento, definir o patamar de desaceleração da economia, nem de quantas pessoas, ao longo do ciclo, irão perder seus empregos. A única certeza é que o processo está em curso e que várias empresas começaram a cortar sua força de trabalho para fazer frente às quedas de encomendas, vendas e faturamento, que já assombram suas rotinas.
Ninguém despede por prazer. Num cenário como o atual, dispensar um funcionário vai muito além dos valores envolvidos com a demissão, que, no Brasil, são particularmente elevados. Há cada vez menos espaço para mão de obra desqualificada. E o treinamento de uma pessoa para desempenhar determinada tarefa é algo relevante nos custos operacionais. Cortar alguém treinado é um duplo prejuízo, pelos custos trabalhistas e pela dispensa de um funcionário que a empresa treinou para desempenhar uma tarefa no seu organograma.
Quando o desemprego se acentua, como acontece agora, é porque a economia atravessa um momento complicado, no qual é difícil qualquer tipo de solução a curto prazo.
Com o brasileiro, nos últimos anos, aumentando exponencialmente suas compras a prazo, a inadimplência decorrente da elevação da taxa de desemprego traria um complicador a mais para a economia do País: com a queda do faturamento, as empresas credoras seriam forçadas a despedir funcionários que, de outra forma, seriam retidos em seus quadros. Sob este aspecto, a garantia para desemprego temporário, inserida em vários tipos de seguros de vida comercializados para garantir a quitação de dívidas e obrigações das mais variadas espécies, é sem dúvida nenhuma uma ferramenta importante para auxiliar o Brasil a atravessar a crise, com o mínimo de impacto na vida econômica nacional, no bolso do cidadão e no caixa das empresas.
Tendo o seguro para garantir entre três e seis meses de pagamentos a vencer, o cidadão encontra o alívio necessário para manter a família enquanto busca uma nova colocação.

Fonte: O Estado de São Paulo

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