GE faz de tudo para retomar a confiança dos investidores
A General Electric (GE), cujo fundador Thomas Edison inventou a lâmpada, pode estar ficando sem novas ideias sobre como recuperar a confiança dos investidores. Até agora, nada foi suficiente para reverter o declínio das ações do conglomerado americano ou acalmar os receios dos investidores de que seu amplo braço financeiro, a GE Capital, depara-se com perdas e com uma queda no lucro piores do que a direção admite.
Não foram suficientes a venda de ações no valor de US$ 15 bilhões para nomes como o investidor Warren Buffett, em 2008, nem as decisões de reduzir a dependência GE ao financiamento por commercial papers (papéis de curto prazo), de encolher a GE Capital, cortar custos e lançar títulos de dívidas garantidos pelo governo.
O fracasso da companhia em convencer os mercados sobre seu valor ficaram visíveis na sexta-feira, quando a decisão de reduzir os dividendos em 68% – medida que economizará US$ 9 bilhões por ano – não impressionou nem um pouco os investidores. A GE não reduzia um pagamento trimestral de dividendos desde 1938 e seu executivo-chefe, Jeff Immelt, buscava evitar a medida o máximo possível, com medo de afastar os investidores de varejo.
A companhia, porém, esperava que, tendo tomado a decisão, os mercados interpretassem a redução como um sinal de que a direção estava reforçando suas defesas contra a atual turbulência econômica e que as ações subissem. Afinal, uma medida similar do J P Morgan Chase na mesma semana produzira uma resposta positiva dos investidores. No caso da GE, as ações caíram mais de 6%, para US$ 8,51, declínio maior do que o resto do mercado. A desvalorização nos oito anos sob comando de Immelt chegou a 73%.
O custo do seguro para proteção contra a inadimplência dos bônus da GE Capital atingiu recorde, ressaltando o fato de que os mercados de crédito continuam ansiosos em relação à unidade de finanças, mesmo com seu balanço mostrando resultados melhores do que a maioria dos rivais. A recepção gelada de Wall Street à GE, que continua sendo uma das maiores e mais rentáveis do mundo, comprova os desafios que chegam atrelados a seus laços com um setor de serviços financeiros em plena crise. A GE Capital foi o motor que guiou suas ações a novas alturas e ajudou Jack Welch, antecessor de Immelt, a tornar-se uma lenda.
Atualmente, se concordarmos com o preço de ações previsto pelos analistas para as operações industriais e de mídia da empresa, entre US$ 10 e US$ 12, a GE Capital vale mais morta do que viva.
Executivos dizem que Immelt vendeu muitas divisões financeiras, como as operações de seguros, que poderiam ter infringido ainda mais danos à GE. Acrescentam, ainda, que desmembrar ou fechar a GE Capital não é uma opção. A conversão dessa unidade em um conglomerado bancário para conseguir ter acesso a programas de auxílio do governo também não está em discussão.
Os acionistas não estão pedindo a cabeça de Immelt. Na ausência de medidas radicais, no entanto, a incapacidade da direção da GE para recuperar a confiança dos investidores e o preço das ações – somada ao brutal cenário econômico e à percepção de que a companhia deixou de articular uma boa estratégia para lidar com a crise – aumenta as pressões sobre o executivo-chefe da GE.
“A maior questão em torno às ações é a credibilidade da direção”, diz Nicole Parent, analista do Credit Suisse. A menos que Immelt possa encontrar uma fagulha criativa no estilo de Thomas Edison para recuperar a confiança dos investidores sobre um pilar do capitalismo global, seu mandato, assim como as ações da GE, continuarão marcadas por dúvidas sobre o futuro.
Fonte: Valor