Venda financiada sobe entre usados
As vendas de carros usados ainda enfrentam escassez de recursos, mas as condições melhoraram em janeiro. Segundo dados da Associação dos Revendedores Independentes de Veículos Automotores do Estado de São Paulo (Assovesp), o percentual de carros financiados chegou a 68% no primeiro mês do ano.
O patamar ainda é inferior aos 82% dos negócios, atingidos em setembro, antes de a crise derrubar o setor. Mas representa melhora de quase 20 pontos percentuais em relação ao pior momento da crise, em outubro, quando o volume de vendas financiadas recuou para 49% do total – em novembro (59%) e em dezembro (56%) houve certa estabilidade.
Esse foi o momento em que o consumidor percebeu que a restrição de crédito era mais forte. A exigência de entrada, por exemplo, usada pelos bancos para limitar os negócios, pulou de 18%, em média, em setembro, para 36% em outubro.
O indicador mais importante, no entanto, é o prazo médio, pois indica o tamanho da prestação – e mostra que os bancos estão bem mais restritos. O número de parcelas caiu de 50, em agosto, para 43, em dezembro. Em janeiro, voltou para 51 prestações.
Com os prazos mais longos e a entrada mais baixa, janeiro foi o primeiro mês sem queda nas vendas, que se mantiveram praticamente estáveis em relação a dezembro, na casa dos 136 mil, de acordo com as estatísticas da Assovesp, que mede apenas o Estado de São Paulo. O volume ainda é 30% menor que o pico de setembro, antes da crise, em 189 mil.
Para se medir a importância do segmento de usado, em 2008, eles representaram cerca de três quartos das vendas mensais, perto de 600 mil unidades, contra aproximadamente 200 mil carros novos. Sem a venda de usados, a produção do novo fica comprometida, pois não há a troca.
Em nota, a Assovesp avalia que ainda continuam os problemas com relação ao crédito, agravados pelo fato de as lojas estarem descapitalizadas e não terem como bancar negócios. “Tudo depende, agora, de financiamento de bancos ou financeiras”.
Outra dificuldade para o mercado de automóveis usados é que os bancos médios atualmente só ofertam crédito que podem ser cedidos ao Fundo Garantidor de Crédito, principal fonte de recursos dessas instituições ao longo da crise. O fundo, no entanto, limita a compra de carteira de veículos a contratos de automóveis de até oito anos de uso. Dessa forma, praticamente não há funding para o segmento de carros mais velhos. A expectativa do mercado é que o Banco Votorantim, um dos maiores do segmento, agora com participação do Banco do Brasil, alimente esse segmento com cerca de R$ 2 bilhões.
Além disso, a Nossa Caixa anunciou na sexta-feira que a linha de R$ 4 bilhões, liberada em novembro do ano passado para financiar carros novos, será estendida para os usados. Segundo o presidente do banco, Milton Santos, o acordo foi fechado com a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) e já está em vigor.
Até agora, por falta de demanda, R$ 270 milhões dos R$ 4 bilhões foram liberados. Segundo Santos, o fato de o mercado de usados ter se retraído muito, prejudicou também a troca pelo novo.
Fonte: Valor
