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As portas que se abrem com o resseguro no Brasil

O mercado ressegurador brasileiro passou a enfrentar grandes desafios desde a abertura, com a adequação das legislações internas e a inserção do País na comunidade mundial de riscos. Se bem assimiladas pelo mercado, esses desafios podem levar o Brasil a um novo patamar, já que existem amplos negócios a serem explorados, com inúmeras possibilidades de expansão, e é preciso que as empresas sejam criativas, inovadoras e entendam bem a nova regulamentação.
O resseguro é a operação que as empresas de seguro utilizam para transferir a uma resseguradora o excesso de responsabilidade, que ultrapassa o limite de sua capacidade econômica de indenização, ou seja, uma retenção de riscos. Com o mercado fechado, todas as operações passavam pelo Instituto de Resseguros do Brasil (IRB-Brasil Re), controlado pelo Governo Federal. Era este órgão o responsável por procurar outras resseguradoras para repassar os riscos. Com isso, o mercado se mantinha engessado, funcionando de acordo com a capacidade e o risco que o IRB estaria disposto a segurar.
Os países vizinhos ao Brasil, como a Argentina e o Chile, vêm, ao longo dos últimos anos, experimentando o resseguro internacional livre, embora muitos deles ainda estejam em processo de adaptação. Esta abertura tem provocado mudanças econômicas e jurídicas como a inserção na comunidade mundial de riscos e a assimilação dos princípios do Direito de Resseguros. Este é mais um desafio que o mercado brasileiro terá que enfrentar, pois fica claro o esforço exigido aos profissionais dedicados ao assunto que estão adequando à legislação interna a estas mudanças. As empresas estão se adaptando à forma de trabalho das resseguradoras do exterior, já que quase tudo é novidade aqui no Brasil.
mercado. Além disso, os profissionais procuram especialização e aprendizado com os estrangeiros para saber como trabalhar nesse mercado de resseguro aberto. O Brasil tem um amplo mercado a ser explorado e é preciso que as empresas sejam criativas para desenvolver as inúmeras possibilidades que se abrem. O mercado de resseguros na América Latina é estimado em US$ 8 bilhões e o Brasil representa aproximadamente 30% desse total o que significa um valor perto dos US$ 2,4 bilhões. Antes, com o mercado fechado, as nossas seguradoras dificilmente se destacavam porque todas tinham acesso às mesmas ferramentas de resseguro, que era oferecida pelo ressegurador monopolista. A abertura do mercado permitirá que as seguradoras usem o resseguro de forma mais eficaz e criativa.
As grandes resseguradoras possuem equipes globais de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) para fazer o levantamento das oportunidades de cada mercado. A razão para estas empresas investirem em pesquisa é para que possam oferecer novos produtos para as seguradoras e, futuramente, receber com a transferência dos riscos dessa operação.
Podemos citar vários exemplos de como o Brasil ainda precisa se fortalecer neste segmento, mesmo citando alguns casos de sucesso. No setor rural, menos de 3% da área cultivada é segurada e esse nicho já vem sendo desenvolvido. Há alguns anos, uma grande resseguradora avaliou os riscos do cultivo de uva e maçã na região Sul do País para a criação de um seguro rural ou agrícola específico para esses produtores.
Na área de saúde, podem ser criados produtos voltados para doenças terminais que hoje não são atendidas pelas assistências médicas. Podemos citar também o aumento das construções verticais como prédios residenciais de alto padrão e comerciais. Ou seja, mercado de atuação existe, mas ainda não eram atendidos pelo IRB.
Até mesmo as novas leis poderão gerar negócios na área de resseguro, já que com o aperto do rodízio nas grandes cidades, as empresas terão um aumento na frota de carros utilitários e, conseqüentemente, um crescimento nos seguros dos mesmos. O mercado está aquecido, as empresas seguradoras e resseguradoras estão se movimentando rapidamente para definirem suas estratégias de atuação nessa nova fase pela qual a área está passando.
As empresas precisam se adaptar, reestruturar seus processos, departamentos e sistemas e estarem preparadas para receberem produtos mais inovadores e sustentáveis. Com a abertura do mercado e a presença de novas resseguradoras, a qualidade dos produtos ofertados pelas seguradoras tende a melhorar podendo criar novos produtos a partir do conhecimento das mesmas em outras regiões. Os segurados poderão ficar mais tranqüilos quanto ao entendimento do produto que estão comprando, pois serão mais esclarecidos, os preços tendem a ser mais competitivos e os produtos mais inovadores e de maior abrangência.

Fonte: Jornal do Commercio

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