Uma idéia que deu certo
Há três anos, uma parceria entre as seguradoras e o governo do Estado do Rio de Janeiro criou o Pátio Legal. Extremamente bem sucedida, essa ação conjunta é responsável pela devolução de mais de 55 mil veículos, desde sua implantação até novembro de 2008.O tema não é novo. Quando da inauguração do primeiro Pátio Legal, eu tratei do assunto nesta coluna, analisando as vantagens resultantes da adoção do esquema. Mas se esta análise via a idéia como positiva, a realidade se mostrou melhor ainda. Atualmente, o Rio de Janeiro pode se orgulhar de ter um sistema eficiente, que defende o cidadão e auxilia a polícia, liberando seus agentes e os espaços nas delegacias para o combate direto aos altos índices de criminalidade que são a marca registrada da maioria das grandes cidades brasileiras.Com um espaço murado e proteção 24 horas por dia servindo de depósito para os veículos recuperados de roubos e furtos, o Pátio Legal é uma solução simples e eficiente, pela qual as seguradoras, evidentemente que agindo no seu interesse, assumem o compromisso de guardar os veículos recuperados, sejam segurados ou não, até serem devolvidos aos legítimos proprietários.Um dos dramas de quem tem seu veículo furtado ou roubado é aonde localizá-lo depois que a polícia o recupera. Até a criação do Pátio Legal, esses bens ficavam espalhados, recolhidos quase aleatoriamente para delegacias de polícia, no mais das vezes, sem condições físicas adequadas para recebê-los e para guardá-los até serem retirados pelos respectivos proprietários.O resultado é que, além dos danos sofridos em decorrência da ação dos criminosos, depois de encaminhados para as delegacias, por falta de local apropriado e de vigilância sobre eles, os veículos recuperados acabam sofrendo outra onda de danos, fruto da inadequação das condições para preservá-los.Normalmente expostos ao tempo, largados em locais que atrapalhem minimamente o funcionamento da unidade policial, além dos danos externos causados pelas intempéries, esses veículos acabam sujeitos até mesmo a atos de vandalismo ou a verdadeiras operações de depena, nas quais perdem rodas, pneus, equipamentos de som, etc.O Pátio Legal reduziu drasticamente esse tipo de dano. Ao serem encaminhados para ele, os veículos são colocados em um terreno apropriado e passam a contar com as medidas de proteção adequadas para preservá-los, no estado em que foram recuperados.Um dado importante para o funcionamento harmonioso do esquema é que o Pátio Legal recebe todos os veículos recuperados e não apenas aqueles que têm seguro. E o tratamento é exatamente o mesmo, sem distinção ou privilégio.A idéia deu tão certo que Minas Gerais abriu seu primeiro Pátio Seguro em maio deste ano. Apesar do nome não ser o mesmo, o funcionamento da unidade mineira é semelhante e se apóia nos mesmos conceitos implantados há três anos no Rio de Janeiro.Pelo que se ouve falar, as negociações para a abertura do primeiro Pátio Legal paulista estão adiantadas e em breve o Estado com a maior frota de veículos da Federação deve passar a contar com as vantagens operacionais do sistema, em benefício dos proprietários de veículos recuperados e da própria Polícia.Aliás, não tem razão que justifique uma boa idéia como esta não ser implantada em todos os estados brasileiros. Se o Pátio Legal melhora as condições de guarda, facilita a localização e a devolução dos bens recuperados aos legítimos proprietários e desonera fisicamente a polícia, sem ônus nenhum para a população e para o Estado, ele é o retrato de uma idéia vencedora, de um mais/mais pelo qual todos saem ganhando, inclusive as seguradoras, que reduzem seus custos administrativos de regulação de sinistros.Com a expansão dos Pátios Legais para todo o País, ganha acima de tudo a sociedade brasileira, pela melhor preservação de seu patrimônio, seja por meio da guarda pura e simples do bem, seja por meio da operação de seguros.
Fonte: O Estado de São Paulo