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Seguro vende bem. Mas poderia vender muito mais

É verdade que o brasileiro está comprando mais seguros – a arrecadação em prêmios diretos cresceu 17% em 2007 e deve ter desempenho semelhante este ano. Mas também é certo que esse mercado poderia ser muito maior.
Basta verificar os números da modalidade automóveis, a mais expressiva, que, sozinha, representa acima de 20% da receita. Para a frota nacional, estimada em aproximadamente 42 milhões de veículos, apenas 10 milhões a 12 milhões estão segurados, segundo Marcelo Sebastião, diretor do produto auto da Porto Seguro, dona da maior fatia do mercado, de 20%: “Há 20 milhões a 25 milhões com potencial para ter seguro”. Em 2007, as seguradoras arrecadaram R$ 58,4 bilhões em prêmios diretos, cerca de 17% mais que em 2006, segundo dados da Superintendência de Seguros Privados (Susep). O segmento de automóveis ficou com R$ 10,6 bilhões. De janeiro a maio de 2008, o total da receita e a fatia equivalente a automóveis foram, respectivamente, de R$ 26,8 bilhões e R$ 4,7 bilhões (R$ 22,8 bilhões e R$ 4,3 bilhões em 2007).
Vários fatores contribuem, ao longo dos últimos anos, para o crescimento das vendas – como o aumento do poder aquisitivo da população, a estabilidade do câmbio e a normatização, no ano passado, da abertura do mercado de resseguros no País, antes monopolizado pelo Instituto de Resseguros do Brasil (IRB).
Mas o mercado seria muito mais dinâmico se as companhias pudessem oferecer produtos mais adequados ao perfil do brasileiro. No caso do seguro de automóveis, seguradoras e corretoras defendem, há muito tempo, normas diferenciadas para os veículos usados – os carros com mais de dez anos de uso representam perto de 70% da frota, de acordo com Leôncio de Arruda, presidente do Sindicato dos Corretores de Seguros do Estado de São Paulo (Sincor): “Os donos de automóveis usados não fazem seguro porque é caro”.
Há dois anos, descansa na Susep uma circular sobre seguros populares, que o órgão tenta tornar mais atrativa. Para baratear as indenizações, o mercado, de modo geral, defende a liberação do emprego de peças não originais de fábrica em veículos acidentados. Estas, segundo Arruda, podem custar até 80% menos que peças idênticas e novas, mas sem a marca da montadora. Tal alternativa exigiria determinar um valor para cada peça, mas ainda assim valeria a pena: “Seria complicado, mas é viável”.
Outra proposta é segurar o automóvel por um valor abaixo da cotação do mercado, para o caso de perda total. Para a modalidade vida, segunda em importância, o mercado defende indenizações mais baixas, de R$ 10 mil a R$ 15 mil, para mensalidades de, no máximo, R$ 4 – atualmente a média é de R$ 18, para indenizações de R$ 50 mil. O problema é a taxa de compensação bancária, hoje em torno de R$ 2, o que inviabiliza o modelo. “Seria necessário ainda limitar a assistência 24 horas e demais serviços e enfrentar os muitos entraves da legislação”, diz Arruda.
Uma outra sugestão é reduzir ou eliminar o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), hoje de 7,38%, da modalidade popular: “A última circular da Susep não contém nenhum diferencial que possibilite redução de custos”, diz Sebastião, da Porto Seguro.
Assim, o seguro popular andaria na contramão da atual tendência do mercado, de agregar cada vez mais serviços para cativar o cliente, num cenário de concorrência acirrada, especialmente entre as grandes seguradoras – de acordo com o presidente do Sincor, as sete maiores, de um total de 74 empresas ou grupos, têm 78% do mercado.
Para os corretores, também as seguradoras deveriam olhar com mais atenção para os veículos importados, cujas vendas aumentam todos os anos: “São poucas as companhias que seguram importados com cinco ou mais anos de uso. Essa frota está crescendo é já não é nova”, diz Ângela Batista Camilo Gonçalves, gerente da corretora Losangulo, de São Paulo, que vendeu 40% mais este ano do que nos primeiros sete meses de 2007.
De todo modo, em comparação com boa parte dos países em desenvolvimento, o setor do Brasil é evoluído: cada cliente tem em média 1,4 produto de seguro no País, não muito menos que a média verificada nas economias consolidadas (2,2).

Fonte: Escola Nacional de Seguros

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