Fram Capital lança plano de previdência com renda variável
A Fram Capital, gestora independente criada por um grupo de ex-executivos do Banco Santander, lançou seu primeiro fundo de previdência. A carteira é um Plano Gerador de Benefício Livre (PGBL) com renda variável e que pode aplicar até 20% em ações, explica Henry Gonzalez, sócio da Fram. A taxa de administração é de 2% ao ano, sem adicional por performance. A seguradora é a Bradesco Vida e Previdência e o custodiante e administrador o banco Bradesco.
O plano de previdência tem aplicação mínima de R$ 20 mil e já conta com patrimônio de R$ 35 milhões. A idéia é que a carteira seja distribuída também pelo Bradesco, especialmente por meio de seu private bank.
Com relação à gestão da carteira, a proposta da Fram é buscar empresas com potencial de alta, mas sem concentrar em empresas de menor porte, as chamadas “small caps”, menos líquidas. “Buscamos um cotista que tenha uma tolerância a um certo grau de risco, pois ele estará colocando 20% em ações, mas é justamente o investidor de longo prazo”, afirma Gonzalez.
Para ele, uma parte da poupança dos investidores deveria ir para previdência porque esses fundos não têm come-cotas como os fundos de renda fixa e ainda têm alíquotas de imposto de renda regressivas que ficam menores ao longo do tempo. O come-cotas é o nome dado ao pagamento semestral de imposto de renda cobrado em fundos de renda fixa. Na previdência, pelo regime de imposto regressivo, as alíquotas caem de 35% ao ano no primeiro ano de aplicação para 10% após dez anos. Nos fundos de investimento normais, a alíquota mínima é de 15% e há cobrança semestral de imposto, o come-cotas.
Na renda fixa, segundo Gonzalez, o tema crucial, para quem está pensando em longo prazo é a taxa de juros real alta. “E, portanto, nos níveis atuais, os papéis indexados pagam um juro real mais do que adequado, e as pessoas deviam pensar em mover parte do dinheiro de longo prazo para papéis indexados, como as NTN-B (papel corrigido pelo IPCA)”, recomenda o executivo. “Mesmo que se possa haver momentos de sofrimento, quando se marca a mercado quando o BC muda os juros”, diz ele, referindo-se ao fato de o preço dos papeís caírem quando o juro sobe para ajustar o ganho dos papéis – e que chega a provocar perdas nas cotas de alguns fundos.
Para Gonzalez, o investidor deve pensar que está recebendo um juro real de 8%, 8,20% e até 8,5%. E, para o executivo, a remuneração é bem interessante, mesmo que a taxa suba acima disso no mercado por alguns momentos. “Mas hoje o grosso do dinheiro das pessoas está em prazo mais curto pela especificidade brasileira, de o juro de um dia remunerar o investidor com taxas de 7% reais ao ano” diz. Isso, porém, não deve perdurar no tempo. “Tenho convicção que, ao longo do tempo, veremos que a taxa real de equilíbrio do Brasil não é 8% ao ano, mas 6% para os papéis de longo prazo, e talvez de 3% ao ano para o curto”, diz.
“Curiosamente, as circunstâncias ficam boas para o investidor justamente quando a inflação ameaça, mas aí a tentação é ir para o curto prazo”, afirma Gonzalez, lembrando que é justamente isto que ocorre neste momento.
A gestora, que já tem um multimercado agressivo, o Amundsen (homenagem ao explorador norueguês que primeiro chegou ao Pólo Sul), pretende abrir mais duas carteiras, um multimercado de baixa volatilidade e um fundo de ações. No total, a Fram tem R$ 48 milhões sob gestão.
Fonte: Valor