Maioria dos museus brasileiros não tem seguro das obras de arte
Apesar de serem bens muito valiosos, obras de arte não costumam ter seguro. “A maioria dos museus brasileiros não tem seguro porque não obedece ao padrão de segurança estipulado pelo IRB [Instituto de Resseguro do Brasil]”, afirma Ney Dias, diretor-executivo da seguradora Unibanco AIG, uma das maiores do país.
De acordo com ele, o padrão de segurança dessas instituições teria de ser mais elevado, já que nenhuma seguradora aceitará fazer o seguro se for correr um risco elevado.
“É muito diferente fazer seguro de obras pertencentes a um colecionador privado e fazer seguro de obras de um acervo de museu. Também há padrões de segurança para particulares, mas eles são mais fáceis de serem seguidos, porque há menos obras e não há acesso do público”, afirma.
Segundo o diretor, a taxa de seguro varia entre 0,12% e 0,25% do valor das peças. O cálculo depende do nível de segurança e do valor total do acervo.
Para o curador do Masp, Teixeira Coelho, o seguro não é de muita ajuda, pois a perda de uma obra é irreparável.
No comando do Conselho Federal de Museologia, Mônica da Costa diz não existir qualquer padrão de segurança em exposições de obras de arte no país. Mas os últimos casos de furtos e assaltos, afirma, exigem uma “nova avaliação”.
“Agora que as pessoas estão se dando conta do valor do acervo existente no país, é preciso um esforço pela segurança, apesar dos custos altíssimos de investimentos do gênero”, diz.
Para a professora de história da arte da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP Ana Maria Belluzzo, que integrava o conselho de arte da Pinacoteca, hoje desativado, a falta de segurança nos museus tem incentivado os furtos e assaltos. “Estamos diante de uma situação em que ficou mais fácil roubar um quadro de um museu do que um carro na rua.”
Fonte: Folha de São Paulo