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Cresce o interesse dos bancos na comercialização de seguro

Os bancos estão cada vez mais interessados em vender seguro e previdência, operação conhecida como “bancassurance”. Uma pesquisa recente feita pela empresa americana Bank Insurance Market Reasearch Group (BIMRG) mostrou que os bancos que vendem seguros fazem mais dinheiro do que aqueles que não vendem. No Brasil, as seguradoras ligadas a bancos detém mais de 80% do lucro do setor de R$ 6 bilhões em 2007. “O que podemos perceber é que é muito rentável para o banco operar como mero distribuidor”, diz José Rubens Alonso, consultor da KPMG.
O estudo americano constatou que “perseguir uma estratégia de diversificação – da qual a corretagem de seguro é sempre peça fundamental — trouxe compensações para os bancos americanos em 2007”. Ao examinar relatórios bancários, o BIMRG descobriu que aqueles com alguma atividade relacionada a seguros tiveram uma receita líqüida média 44% mais alta em 2007. A Insurance Networking News relatou recentemente que as holdings bancárias dos EUA aumentaram sua receita total de seguros de US$ 43,5 bilhões em 2006, para US$ 43,7 bilhões em 2007, com base em dados divulgados pela Radnor, Michael White Associates e a American Bankers Insurance Association.
A participação dos bancos na venda de seguros e previdência no Brasil internacionalmente é tida como um exemplo de sucesso de “bancassurance”. Entre os países emergentes, o Brasil é o grande destaque, com 55% do faturamento do setor, superior a R$ 80 bilhões em 2007, proveniente das instituições financeiras. A Malásia é a segunda da lista, com 45%, seguida pela China (19%), Índia e Colômbia, segundo estudo da Swiss Re.
A tendência mundial é de bancos venderem suas seguradoras e passarem a atuar como distribuidores de seguros. Um caso simbólico para expressar a estratégia mundial foi a dissolução da megafusão entre o Citibank e a Travelers. Trata-se de um exemplo de negócio onde sinergias desejadas falharam em se materializar. A MetLife, maior de vida dos EUA, comprou as operações da Travelers por quase US$ 12 bilhões.
No entanto, o modelo de bancassurance difere de país para país por ser determinado pela legislação e pela cultura da sociedade. No Brasil, por exemplo, a credibilidade dos bancos diante do consumidor ainda é maior do que a das seguradoras. Já nos EUA, as companhias de seguros tem uma reputação maior. Na Itália, França e Espanha, o tratamento fiscal favorece o bancassurance.
No Brasil a estratégia adotada pelos bancos é bem diversificada. Grupos estrangeiros como ABN e HSBC optaram por seguir a tendência mundial e venderam as operações de ramos elementares, ficando com a administração de recursos de vida e previdência, além dos títulos de capitalização. O Bradesco, controlador da maior seguradora do País e da América Latina, tem um modelo típico de bancassurance. Teve como parcerias no passado a Allianz e a Prudential e participava também do capital da Indiana e da Áurea. Manteve apenas a participação no IRB Brasil Re. Hoje é responsável por toda a operação de seguro e participa com 30% do lucro do banco. O Unibanco partiu para a busca de um sócio. Encontrou a AIG, uma das maiores seguradoras do mundo, e passou a ser líder em diversos nichos, como seguro garantia e grandes riscos. O Itaú buscou um sócio para grandes riscos, a XL Capital.
Para Gilberto Abreu, superintendente executivo de seguros do Banco Santander, a atual estratégia do banco tem se mostrado eficiente. O Santander ocupava a 22 posição no ranking de faturamento do setor em 2005. Nesta época, ainda estudava qual seria a melhor estratégia em seguros. Ao definir que ficaria com as operações de vida, previdência e capitalização e faria parcerias com seguradoras independentes para venda de seguros de bens, como automóvel, residência e empresas, saltou para a 11 posição do ranking em 2007. Escolheu como parceiras a Marítima, Allianz e SulAmérica.
O HSBC trabalha para ter a melhor operação de bancassurance no mundo. A estratégia do banco inglês em seguros começou há três anos, com a compra de concorrentes. “Junto com os bancos vieram seguradoras. A nossa estratégia é focada em vida e previdência. Mas na Argentina, por exemplo, temos uma operação de ramos elementares que é rentável e não tem porque mexermos nela”, diz Marcelo Teixeira, responsável pelas operações de seguros e previdência do HSBC na América Latina. Já nos outros países o HSBC tem parceiros como AIG, Mapfre, Allianz e a HDI, no Brasil, para quem vendeu a carteira de ramos elementares.

Fonte: Gazeta Mercantil

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