Abertura do setor precisa de correções
O processo de abertura do resseguro no Brasil precisa de correções de rumo, que levem em conta a tradição das empresas brasileiras de não guardar dados estatísticos e as possíveis dificuldades no momento da tradução de cláusulas contratuais para línguas estrangeiras.
“É preciso, antes de tudo, haver, nas condições contratuais, um alinhamento entre o que se pratica nas relações entre segurados e as seguradoras e dessas empresas com os resseguradores”, comenta o diretor do IRB-Brasil Re, Vando Cruz.
Para Cruz, no caso dos grandes riscos, o mercado está mais próximo do que se espera de um cenário mais favorável. O problema estaria na cobertura de pequenos e médios segurados. “As seguradoras tinham uma situação tranqüila antes, com a atuação protetora do IRB. Agora, é preciso mais atenção em questões cambiais e de riscos de crédito, entre outras, para pequenos segurados”, afirma.
Segundo ele, essa nova realidade faz com que s corretores de resseguros ganhem importância fundamental no novo cenário, por sua experiência internacional. Para o presidente da Associação Brasileira das Empresas Corretoras de Resseguro (Abecor Re), Carlos Alberto Protasio, isso não será um problema.
Protasio afirma que, em viagens recentes ao exterior, percebeu um imenso interesse dos operadores estrangeiros em operar no Brasil. “Haverá uma invasão do nosso mercado, não tenham dúvidas”, garante.
Já o diretor da Susep Murilo Chaim está mais atento às dificuldades causadas pela pouca tradição das seguradoras e consumidores brasileiros em armazenas dados históricos. Esse gargalo, afirma, pode até ter reflexo no preço final da cobertura do resseguro. “As companhias precisam se acostumar com o novo cenário. O mercado brasileiro tem características próprias e, em muitos casos, a possibilidade de redução de preços pode ser limitada pela falta de informações”, admite.
Segundo Chaim, após a legislação tratar do “desenho geral da regulação”, chegará o momento de se focar no micro, nas questões operacionais. “Antes o IRB resolvia tudo e gerava conforto. Agora, há muita dúvida sobre como operar. Algumas seguradoras procuraram a Susep para saber com quais bancos poderá abrir e movimentar uma conta em moeda estrangeira. Os próximos meses serão complicados”, admite.
Fonte: Monitor Mercantil