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Novos cursos ampliam o ensino da bioenergia

Engenheiros, agrônomos e qualquer outro profissional que tenha afinidade com o tema deveria pensar em focar sua carreira para este setor extremamente carente de mão-de-obra especializada no país. O Brasil tem as maiores jazidas de vento do planeta e área extensa de plantio para cana-de-açúcar, mas não conta com número suficiente de profissionais capacitados para atender a atual demanda e enfrentar a concorrência internacional.
De olho neste desafio, várias universidades e entidades do país começaram nos últimos meses a anunciar a criação ora de cursos variados sobre energia e bioenergia ora de centros especializados em pesquisa para tentar suprir essa necessidade. Em São Paulo, a empresa SAS, voltada para a área analítica de negócios, fincou parceria com a Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (EPUSP) na área de energia para criarem um Centro de Estudos em Análise de Riscos. No interior de SP, MG e cidades da região Sul do país, algumas faculdades adotaram o programa do curso de engenharia bioenergética, desenvolvido pelo professor Gustavo Isaia, que une disciplinas de vários cursos de graduação, entre os quais agronomia, engenharia química, engenharia mecânica e engenharia elétrica.
Na região Nordeste do país, o vento também sopra a favor dos profissionais. O setor de energia eólica no Brasil perde ainda em tecnologia para países como a Alemanha e Dinamarca, mas começa a atrair profissionais dispostos a investir na área. O Centro Brasileiro de Energia Eólica, ligado à Universidade de Pernambuco, vê crescer ano a ano mesmo que timidamente o número de currículos de engenheiros interessados em fazer mestrado ou doutorado na área.
“O Brasil tem tudo para ser o primeiro no mercado internacional em energia limpa, mas temos antes que formar e capacitar profissionais para conseguirmos isso”, apregoa o professor Isaia, engenheiro civil de formação, com pós na área ambiental e hoje consultor na área de bioenergia. O curso desenhado por ele está baseado em duas linhas mestras, a dos biocombustíveis (que engloba álcool, biodiesel, biogás, entre outros) e a da bioenergia (eólica, solar, hidráulica, geotérmica, entre outras). O curso terá as versões de pós-graduação, na Uniminas (MG), e graduação, com turmas na Unoesc (Universidade do Oeste de Santa Catarina), na Uniara (Araraquara, interior de SP) e na Fumec, localizada na capital mineira. Serão 80 vagas por turma de graduação.
A diretora-executiva do Centro Brasileiro de Energia Eólica, Thaísa Alcoforado de Almeida é outro exemplo de engenheira que decidiu apostar em outra área. Formada em engenharia civil, com especialização e mestrado também na área ambiental, optou por fazer o doutorado em energia eólica. “A experiência que adquiri nas outras áreas da engenharia se tornou fundamental para a minha função atual. Na sua área é preciso ter noções de civil, mecânica, elétrica e eletrônica e até de aeronáutica, além de visão financeira, administrativa e de desenvolvimento de novos negócios. Não é o perfil profissional que o mercado esperava de um engenheiro anos atrás. É um perfil bem mais amplo, com visão técnica e de negócios”, justifica Thaísa. A maior dificuldade a ser driblada pelo centro é justamente a falta de doutores para capacitar os profissionais brasileiros. “Temos parcerias com universidades dos EUA, Espanha, Inglaterra e Dinamarca e realizamos intercâmbios frequentemente”, diz ela.
Julio Bittencourt/Valor
Para o professor Saidel, da escola Politécnica, é hora de formar pesquisadores
Na opinião do professor Everaldo Alencar Feitosa, fundador do centro brasileiro e vice-presidente do Instituto Mundial de Energia Eólica, esta busca por profissionais começa a tomar vulto justamente agora por conta do reflexo de um momento de transição histórico vivido por todo o planeta com relação ao uso de energia. “Em 1910, dependíamos do carvão mineral. Nas décadas de 70 e 80, a dependência era fundamentalmente do petróleo e agora a transição é para a energia renovável. Saímos de uma era do uso intensivo de recursos para entrar na era do uso intensivo da tecnologia e do conhecimento. A tarefa de formar e capacitar profissionais não é apenas do Brasil. É do mundo todo, mas temos tudo para ganhar a dianteira nessa corrida”, diz Feitosa.
O professor Marco Antonio Saidel, da escola Politécnica e coordenador do Grupo de Energia da EPUSP em parceria com a SAS, tem opinião semelhante. Para ele, é preciso formar massa crítica para o desenvolvimento de pesquisas, projetos e aplicações de que o mercado de energia necessita. Com atividades iniciadas em outubro passado, o Centro de Estudos em Análise de Riscos conta com dois pesquisadores em tempo integral para criar informações para o merca

Fonte: Valor

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