O saldo das transferências de migrantes para o Brasil diminuiu no segundo semestre.
Especialistas acompanham os números para avaliar se já há impacto da crise no mercado americano de hipotecas de alto risco uma vez que há relatos de vários emigrantes que resolveram voltar ao país.
O saldo das remessas de migrantes acumulado em doze meses foi de US$ 716 milhões em outubro depois de ter atingido o pico de US$ 853 milhões em abril e maio. O dado informado pelo Banco Central (BC) inclui as remessas recebidas de todas as regiões e exclui as enviadas a partir do país.
Segundo o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) os brasileiros que moram no Exterior enviaram US$ 7,7 bilhões para o país em 2006, acima dos US$ 6,4 bilhões de 2005. Desse total, US$ 4 bilhões são enviados informalmente; o restante passa pelo sistema financeiro e é contabilizado pelo BC. O Brasil é o segundo país da América Latina em remessas de emigrantes depois do México, com US$ 23 bilhões e à frente da Colômbia (US$ 4 bilhões).
Cerca da metade do total vem dos EUA, onde estima-se que vivem 1,3 milhão de brasileiros. Daí a importância desse mercado.
O assunto foi discutido, ontem, na Western Union, uma das maiores empresa do mundo em serviços de remessa financeira. O diretor de marketing da empresa, Felipe Buckup, afirmou “que o movimento de volta dos brasileiros dos Estados Unidos é muito recente e ainda não há dados suficientes para configurar uma influência. Além disso, há brasileiros indo para outras regiões como a Europa”.
Segundo Roger Ades, diretor do Banco Rendimento, como parte dos brasileiros que moram nos Estados Unidos trabalha na construção, o desaquecimento dos negócios acabou afetando. “O impacto é direto”, afirmou.
Em 2006, o Rendimento realizou 1 milhão de remessas do exterior para o Brasil. Segundo Ades, a queda dos negócios vai reduzir o número neste ano. O Rendimento é especializado em remessas com crédito em conta corrente. Outras instituições, como o Banco do Brasil, operam com pagamentos em dinheiro em agências. O BB é um dos agentes da Western Union ao lado de nove corretoras.
O fluxo de remessas enviadas por trabalhadores emigrantes para a América Latina cresceu rapidamente nos últimos anos e, em alguns países, é importante fonte de financiamento externo. Em El Salvador, as remessas de emigrantes somaram quase US$ 5 bilhões em 2006, pouco mais de 15% do PIB e 70% do volume das exportações de bens e serviços e quase 40% da importação. Na Guatemala, as remessas, ao redor de US$ 5 bilhões, equivalentes a cerca de 10% do PIB. Em Honduras são 25% do PIB.
Fonte: Valor