Bancos financiam imóveis comerciais
Neste ano, foram liberados R$ 320 milhões, quase três vezes o montante de 2006 (R$ 116 milhões). O saldo está próximo de R$ 11 bilhões e bancos estrangeiros, como o Morgan Stanley e uma subsidiária alemão Commerzbank AG, também se preparam para entrar no segmento.
O saldo está próximo de R$ 11 bilhões, segundo estimativa da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip). “Os bancos querem emprestar mais e em 2008 a oferta de imóveis comerciais deve crescer muito”, diz o diretor da Abecip, Osvaldo Correa Fonseca.
O motivo é a forte queda da taxa de vacância, que estimulou a produção de novos prédios com a perspectiva de elevação dos preços. Em São Paulo, os imóveis vagos caíram de 24% em 2003 para 9% neste ano. No Rio de Janeiro, caiu de 15% para 6%, segundo dados da CB Richard Ellis.
O presidente da CBRE, empresa especializada neste segmento, Walter Cardoso explica que de fato houve uma mudança estrutural no setor. A média de vendas em São Paulo, que era de R$ 300 milhões por ano, em 2003, pulou para R$ 2 bilhões em 2007 e 2008 promete ser melhor.
O financiamento nesse mercado havia sido ocupado por empresas de incorporação ou por companhias imobiliárias, que se financiavam por meio de fundos ou de títulos. Mas o diretor do HSBC, Roberto Sampaio, diz que as construtoras voltaram a procurar os bancos porque o financiamento eleva a taxa de retorno dos projetos.
No segmento residencial os bancos já começaram a mudar esse quadro. O presidente da Gafisa, Wilson Amaral, diz que em 2004, apenas 10% dos apartamentos eram financiados por bancos. Hoje, esse número subiu para 65%.
Agora os bancos se preparam para entrar no segmento comercial. O Banco Votorantim, que acabou de estruturar a área de financiamento imobiliário, também já iniciou a atuação no segmento comercial. A diferença é que o banco não trabalha com funding da poupança, mas sim via captações de tesouraria ou de fundos mezaninos.
No Banco Real, o foco está em ampliações de redes varejistas, hospitais e universidades, além de financiamento da construção e expansão de plantas industriais, explica o diretor do banco, Antonio Barbosa. “As operações são montadas de acordo com a necessidade do clientes”.
O financiamento das construtoras continua crescendo fortemente. Somente em setembro, os bancos liberaram R$ 1 bilhão para as empresas desse setor. No Bradesco, por exemplo, cerca de 77% das concessões são dirigidas às construtoras.
Os prazos ainda estão muito curtos, ressalta o diretor do HSBC. Em média, as operações são de 48 meses (30 meses de obras e 12 de repagamento). Mas o ideal, segundo Sampaio, seria de 10 anos. As taxas, por outro lado, já caíram. Há cerca de dois anos, a média estava perto de 14% ao ano mais a variação TR. Hoje, os bancos oferecem recursos perto de TR mais 11%.
Fonte: Valor