Cresce preocupação com as cédulas falsas de R$ 50
O Banco Central (BC) e a Polícia Federal enfrentam grande volume de falsificações de notas de real. No ano passado as apreensões cresceram 30%, para 606 mil notas, e até novembro já foram apreendidas 458 mil. O BC calcula que o total fique um pouco abaixo do ano passado, mas, ao se analisar as apreensões isoladas das notas de R$ 50 – que respondem por 70% das falsificações – o volume segue alto. A evolução e o barateamento dos equipamentos digitais e a não-modernização das cédulas de real contribuem para o aumento das fraudes. Há dez dias, a Polícia Federal prendeu 16 pessoas no Rio Grande do Sul. Trabalhando em um fundo de quintal, elas colocaram em circulação R$ 1,5 milhão em notas falsas.
O BC argumenta que o crescimento das falsificações tem sido inferior ao aumento do dinheiro em circulação. Em 1994, o dinheiro em circulação correspondia a 0,8% do PIB. Hoje, é de 3,7% do PIB. O aumento da montanha de dinheiro levou o BC a mudar os serviços de custódia das cédulas há dois anos, contratando o Banco do Brasil para suprir com sua rede capilarizada a maior demanda por papel-moeda. Com isso, a custódia, antes a custo zero para os bancos, passou a ter tarifa de 0,15% do total.
Para reduzir custos, os bancos passaram a utilizar mais as transportadoras. Por isso é que, hoje, notas falsas de R$ 50 chegam a ser sacadas diretamente em caixas eletrônicos. Não há regra que obrigue as transportadoras a identificar notas suspeitas e recolhê-las ao BB ou ao BC. O sindicato dos funcionários do BC sugeriu ao Senado que as transportadoras passem a ser fiscalizadas pelo BC.
A custódia vem agitando os bastidores do mercado financeiro. A partir de 2008, bancos privados poderão prestar o serviço, mas não estão interessados por conta da baixa remuneração e das regras complexas. Uma empresa inglesa, a De La Rue – responsável pela impressão do dinheiro brasileiro até o governo militar – tem se oferecido aos bancos para fazer o serviço. Estudo que circula no mercado levanta a suspeita de que o total de notas falsas em circulação seja até dez vezes maior que o apreendido. “Isso é impossível”, diz uma fonte do BC. Os autores sugerem que os bancos não enviam as notas falsas para o BC porque teriam de ressarcir os clientes. A Febraban diz que não comenta calúnia apócrifa.
Fonte: Valor