Só 50% dos investimentos em etanol são confirmados
Desde o início de 2006, empresas nacionais e estrangeiras anunciaram 211 projetos, uma média superior a duas novas usinas por semana. O movimento envolveu desde os tradicionais grupos da área de açúcar e álcool até alguns sem nenhuma experiência no setor e grandes corporações de outros segmentos.
O Valor obteve a lista desses 211 projetos, que deveriam resultar em investimento de cerca de US$ 35 bilhões até 2012, considerando a construção de todas as novas usinas. Contudo, do total projetado, apenas US$ 17 bilhões estão efetivamente sendo aplicados.
A queda dos preços do açúcar no mercado internacional, também usado como parâmetro para o álcool, e a desvalorização do dólar frente ao real fizeram boa parte desses investidores recuar, sobretudo os de empresas com pouca familiaridade com o setor sucroalcooleiro.
Os investimentos mais pesados estão sendo tocados por grandes grupos e fundos. Um dos exemplos é a Ode- brecht, gigante da construção e da petroquímica, que transformou a agroenergia em seu novo negócio. Neste ano, o grupo anunciou aportes da ordem de US$ 5 bilhões no setor, dos quais 60% já estão comprometidos. O plano é construir 10 usinas e processar 40 milhões de toneladas de cana até 2015. A Brenco também está entre os pesos-pesados. Coordenado pelo ex-presidente da Petrobras, Phillipe Reichstul, o fundo captou US$ 2 bilhões para investir em etanol. Em menos de seis meses, anunciou quatro projetos.
Entre os tradicionais usineiros, o plano não é desistir, mas adiar por um ou dois anos a construção de suas futuras unidades. O grupo francês Tereos vai decidir nas próximas semanas se posterga por mais um ano seu projeto de Cardoso, em Pedrápolis (SP), que deveria entrar em operação em 2010, diz Jacyr Costa, presidente do grupo no Brasil. Segundo ele, o plantio de cana já foi feito, mas a matéria-prima poderá ser usada em outra unidade do grupo.
A Equipav também estuda fazer o mesmo em sua unidade projetada para Chapadão do Céu (GO), afirma Newton Soares, diretor da companhia. “Com os preços atuais, não há retorno do investimento”.
Fonte: Valor