Seguro de engenharia cresce na esteira do setor imobiliário
Embarcando no boom do setor imobiliário, impulsionado pela diversificação de obras e da oferta de crédito para classes de menor renda, as seguradoras passam a desenvolver seguros específicos para atender a demanda e apostam na expansão da carteira de riscos de engenharia em até 50%.
A estimativa é de Marcos Marcondes, coordenador do Conselho de Riscos Patrimoniais do Sindicato dos Corretores de São Paulo (Sincor-SP). “Com a moeda estável e a inflação controlada, o seguro fica mais barato e, portanto, mais atraente para as construtoras”, justifica.
Porém, como esse tipo de seguro não tem renovação, a economia deve elevar o crescimento para alavancar a carteira, o que é esperado através do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Nos oito primeiros meses do ano, o volume da carteira atingiu R$ 192,9 milhões em prêmios, valor 22% acima do registrado no mesmo período de 2006, de acordo com a Superintendência de Seguros Privados (Susep).
Segundo Alexandro Sanxes, da Tokio Marine, a expectativa é que somente riscos de engenharia voltados para o setor imobiliário de baixa renda respondam por 40% da carteira da seguradora, movimentando, assim, R$ 10 milhões no ano que vem. A aposta é tão grande que a projeção é que a carteira cresça 50%, enquanto que o volume de prêmios movimentados pelo nicho avance 70%. Hoje, ela soma R$ 18 milhões e a perspectiva é que gere R$ 27 milhões em prêmios para o próximo ano.
Já a Unibanco AIG, líder do segmento, estima um aumento de 20% em sua carteira em virtude do novo nicho a ser explorado. Hoje, essa categoria movimenta R$ 32 milhões em prêmios. “Em função da queda da taxa de juros e dos prazos alargados, as construções que requerem tecnologias mais simples têm gerado grande expectativa para as seguradoras”, diz Luis Nagamine, diretor de grandes riscos.
A maior solidez da economia também tem influenciado positivamente o setor. “Há um ano e meio tem acontecido um boom no segmento imobiliário puxado pela instalação de indústrias novas e a abertura de nichos com a popularização do financiamento”, explica Luiz Carlos Nabuco, diretor gerente comercial da área de corporativos da Bradesco Auto/RE. Pensando nessa mudança, a seguradora espera um crescimento de 10% no volume de prêmios de risco de engenharia para 2007 e, para o ano que vem, um salto para 30%. A carteira movimenta hoje R$ 10,7 milhões, conforme a Susep.
“Para estimular esses aumentos, a Bradesco Autos/RE procura fomentar os negócios com as operações do banco, que tem contratos com grandes construtoras e linhas de crédito voltadas para o segmento imobiliário”, acrescenta. Segundo Nabuco, a medida segue uma tendência de “massificação” do seguro de risco de engenharia que, embora esteja diretamente ligado a grandes obras, hoje tende a crescer também na área de construções comerciais e residenciais.
Além do crescimento da demanda, especialistas esperam um aumento na procura por outros seguros atrelados, como de garantia de performance da obra e perda de renda, conforme explica Rafael Accurti, da Victrix Corretora, especializada em corretagem de grandes riscos. O número de negócios fechados, contudo, ainda não pode ser mensurado. “Nossos clientes ainda estão prospectando valores, por isso ainda não temos como calcular”.
Para João Crestana, presidente do Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis Comerciais de São Paulo (Secovi), “as incorporadoras e construtoras abriram os olhos e os bolsos para o segmento independente da falta de incentivo do governo em estimular a habitação”, disse.
Já para o consultor Gustavo Tavares da Cunha Mello, da Correcta Seguros, sem um PAC eficiente não há meios de expansão acima dos 20% já registrados até então. “A economia só cresce na ordem e 4% ao ano”, destaca.
Com o boom do setor imobiliário, seguradoras passam a desenvolver produtos para atender a demanda e apostam na alta da carteira de riscos de engenharia em até 50%.
Fonte: DCI OnLine