Hospitais trabalham mais e ganham menos
Os hospitais privados estão trabalhando mais e ganhando menos. Essa é a conclusão do estudo da Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp) sobre indicadores hospitalares em 2006. O pesquisa mostra que apesar de o número de pacientes internados ter chegado a 7 mil, 9,3% superior a 2005, a receita líquida por número de pacientes atendidos ao dia caiu cerca de 5%, para R$ 2,4 mil por leito/dia.
Esse descompasso entre o crescimento de aumento de pacientes e receita é atribuído principalmente a verticalização dos planos de saúde e o aumento dos índices de glosas (recusa parcial ou total do pagamento de procedimentos realizados nos hospitais pelos planos de saúde). “As operadoras de saúde aumentaram sua lucratividade ao longo do tempo porque estão realizando ações que prejudicam nosso rendimentos, como a verticalização no atendimento de pacientes de maior complexidade”, afirma José Henrique Germann Ferreira, vice-presidente e coordenador do comitê de informação, análise e qualidade da Anahp e diretor-superindente do Hospital Albert Einstein. Entre os hospitais participantes da Anhap, as seguradoras representam 45% dos clientes, seguida da auto gestão com 28%, medicina de grupo, 19% e cooperativas (8%).
As glosas também são outro fator preocupante. No ano passado, o levantamento feito pela entidade mostra que, no ano passado, 3,9% dos procedimentos faturados para as operadoras de saúde acabaram sendo recusados. Em 2005, esse índice foi de 3,8%.
Para Ferreira a solução desse problema está na diminuição da variabilidade nos serviços. “Os hospitais precisam ser mais previsíveis. É difícil para o plano de saúde trabalhar com uma variação de até 10 vezes no custo de um médico para outro. Por outro lado, os hospitais também não tem como trabalhar com custos fixos”, diz.
Por hora, existem hospitais, como a Associação Cristã Santa Catarina – Hospital Santa Catarina, em São Paulo, que tenta uma nova forma de reduzir a glosa, passando a responsabilidade para os pacientes. Em atendimentos no pronto-socorro, o cliente é orientado a assinar um “instrumento particular de contrato de prestação de serviços hospitalares”, elaborado por Tilelli e Tilelli Advogados Associados, que permite ao hospital acionar o paciente em caso de não pagamento por parte do plano de saúde. “Existem hospitais que fazem esse tipo de procedimento, mas não dá certo”, diz Ferreira. “Apenas as melhores práticas, dentro de um determinado padrão, podem resolver essa dinâmica.”
Trabalhar com compras conjuntas é uma forma de as empresas reduzirem suas despesas e manterem um padrão de preço. Em 2007, os hospitais compraram R$ 18,6 milhões em conjunto. Foram 23 itens médios por hospitais, entre medicamentos e materiais hospitalares, que trouxeram uma redução média de 3,33% nos custos das empresas. “Agora vamos expandir esse trabalho para equipamentos”, afirma, que representam os maiores investimentos em tecnologia dos hospitais.
Ainda de acordo com a pesquisa em 2006, as empresas tiveram um aumento de 15,5% no ano passado, chegando a R$ 5,2 bilhões. O índice Ebitda (lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) foi de 16,5% em 2006.
Fonte: Gazeta Mercantil