Planos corporativos têm alta de 32%
Amundsen Limeira
Para não perder executivos talentosos e mão-de-obra especializada para a concorrência, é cada vez maior o número de empresas de médio porte que oferece planos de previdência privada a seus funcionários, benefício até recentemente tido como privilégio das grandes corporações.
“As médias empresas perceberam que os planos de previdência podem tornar-se tão atraentes para seus profissionais qualificados como os que oferecem o concorrente de grande porte”, avalia Mauro Guadagnoli de Sousa, superintendente de negócios corporate da Brasilprev. Em maio, a empresa ocupava a terceira colocação no ranking da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (Fenaprevi), com 11,57% do total captado entre 93 associados.
Atualmente, cerca de 70% das grandes corporações incluem a previdência privada entre os benefícios oferecidos aos seus colaboradores. Segundo a Fenaprevi, de janeiro a maio, os planos empresariais contribuíram com 17,43% do total de recursos captados pelo setor. No ano passado, essa participação correspondia a 15%. Os planos corporativos captaram R$ 1,799 bilhão até maio deste ano, em comparação a R$ 1,364 bilhão em igual período de 2006, com alta de 31,87%.
Depois de um período de relativa estabilidade, o segmento vem crescendo vigorosamente este ano. “Isso porque aumentou a procura por parte das empresas, na tentativa de fixar seus funcionários no quadro de pessoal”, declara Marco Antonio Rossi, diretor presidente da Bradesco Vida e Previdência, que em maio liderava o ranking da Fenaprevi, com 36,71%.
Mauro de Sousa, da Brasilprev, concorda. Com a última pesquisa de mercado feita pela Fenaprevi nas mãos, o executivo lembra que somente de janeiro a maio deste ano, as vendas do setor aumentaram 26% em relação ao acumulado nos cinco primeiros meses de 2006. O responsável por esse desempenho, segundo ele, foi o VGBL, sigla do Vida Gerador de Benefício Livre, apontado como a maior vedete entre os produtos encontrados no mercado de previdência privada complementar.
Entre os setores que mais teriam contribuído para o aquecimento das vendas dos planos empresariais estão as companhias que dependem de mão-de-obra especializada, como Tecnologia da Informação e petróleo. “No nosso caso, houve uma procura acentuada pelas empresas que atuam nas áreas de petróleo e de navegação”, identifica André Luis Lapponi, superintendente de previdência da SulAmérica. “Para manterem a mão-de-obra especializada em seus quadros, a tendência é que essas empresas ofereçam cada vez mais esse tipo de benefício”, diz Lapponi.
No grupo Suzano, que atua no setor de papel e celulose, previdência complementar é estratégica na política de RH de “manter e atrair novos talentos” para seus quadros, segundo o gerente de recursos humanos, Luiz Henrique Garcia. Ele conta que o plano de previdência complementar, para o qual o grupo contribui com o correspondente a até 6% do salário, foi instituído em janeiro de 2005 e estende-se a todos os seus 4 mil funcionários.
“Pode-se dizer que previdência privada já é quase uma commodity de RH. É uma política que, além de contribuir para melhorar a aposentadoria dos nossos colaboradores, está alinhada às melhores práticas do mercado”, comenta.
O plano empresarial de previdência privada é um atrativo que o grupo EcoRodovias criou, há um ano, para “reter e atrair talentos”. Algo como 12% do custo total da mão-de-obra, R$ 1,8 milhão por ano, é quanto a empresa investe nesse benefício. Na faixa dos executivos, a contribuição da empresa corresponde a até 8% dos salários, quando a média do mercado não vai além de 5%. “Em um ano, perdemos apenas um dos nossos colaboradores nessa faixa salarial mais elevada”, diz Edson Vieira, gerente de recursos humanos. A empresa tem 1.140 funcionários.
O EcoRodovias, um dos grupos de concessões rodoviárias no Brasil, fatura R$ 560 milhões. Administra 937,3 quilômetros de malha rodoviária, por onde, segundo a companhia, passam 40 milhões de veículos por ano e 40% de toda a carga nacional movimentada para exportação e importação.
A opção pelos benefícios dos planos empresariais de previdência privada foi sacramentada há um mês pela rede Coop – Cooperativa de Consumo. Em julho, a empresa migrou do FGB (Fundo Gerador de Benefício), no qual contribuía com o equivalente a 50% do salário do funcionário menos a parcela do INSS, para o plano PGBL. “Para a empresa, o custo desse benefício ficou mais adequado e o funcionário ganhou um plano mais moderno. Outra vantagem é que a taxa de administração é pelo menos 50% mais barata”, afirma Antonio Carlos Cattai, diretor financeiro da Coop. A Coop é uma rede com cerca de 4 mil funcionários distribuídos em 24 lojas de varejo espalhadas pela região do Grande ABC, em São Paulo, que fatura R$ 1,5 bilhão por ano.
Consolidada a presença das grandes corporações nesse mercado empresarial de previdência complementar, a tendência agora das administradoras desses fundos é centrar o foco nas empresas que faturam até R$ 200 milhões por ano. “As médias e pequenas empresas são um gigante adormecido. É onde estão localizadas as grandes oportunidades de negócio”, acredita Antonio Cássio dos Santos, presidente da Fenaprevi.
Segundo a SulAmérica o mercado potencial para os produtos formatados para as pequenas empresas é de 5,5 milhões de clientes. Só em São Paulo e no Rio de Janeiro são 1,9 milhão de micro e pequenas empresas.
Fonte: Valor