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Governo reduz ganho da poupança

Fernando Nakagawa
Brasília. A pedido da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), o Conselho Monetário Nacional (CMN) mudou, em reunião extraordinária na segunda-feira, o cálculo do principal indicador usado para remunerar a caderneta de poupança, a Taxa Referencial (TR). Projeção da Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac) mostra que a remuneração anual da poupança, devido à alteração, pode cair 0,8 ponto percentual – valor que representa 10% do rendimento anual.
De acordo com cálculos do economista da Anefac, Miguel de Oliveira, com a taxa básica de juros (Selic) em 11%, a caderneta renderia 8% pela regra que vigorou até segunda-feira. Com a mudança, renderá 7,2%. Hoje, a Selic está em 13% ao ano. Portanto, a perda não será imediata. Nas contas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), a queda deve ser de 5% para 4,5%.
– Quando a poupança pagava menos do que os outros investimentos, ninguém se preocupava – reclama Miguel de Oliveira. – Agora que começou a ficar mais competitiva, o governo altera a conta e prejudica o poupador.
A decisão do CMN foi considerada adequada pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega.
– Não é correto que, em um cenário completamente diferente (de juro e inflação), você mantenha algo fixo. Isso gera distorção – disse Mantega.
O secretário de Política Econômica do ministério, Júlio Gomes de Almeida, seguiu a mesma linha. Declarou que a mudança dá fôlego para o governo manter a fórmula da TR até que a Selic caia para 11%.
– Depois, teremos de fazer outro ajuste – avisa o secretário de Política Econômica.
Mesmo com a expectativa de rentabilidade menor, Mantega entoou o discurso de que a poupança continua atrativa.
– Ela dá uma rentabilidade fixa de 6% mais a TR. É uma beleza.
O ministro lembrou que, diferentemente dos fundos de investimento, a caderneta é isenta do Imposto de Renda e tem garantia de até R$ 60 mil pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC), em caso de problema de caixa da instituição financeira. Se a decisão do CMN é ruim para o investidor de caderneta de poupança, é boa para os mutuários da casa própria. Nos financiamentos do Sistema Financeiro da Habitação (SFH), que têm os juros atrelados à TR, há perspectiva de redução das taxas no futuro.
Conforme o mesmo cálculo da Anefac, o juro do crédito habitacional deve ser de 5,8% ao ano quando a Selic estiver em 11%. Se mantida a conta atual, seriam 6,4%. Essa boa notícia, no entanto, beneficiará um número menor de brasileiros. Dados do Banco Central mostram que o total de financiamentos do SFH é de cerca de R$ 35,4 bilhões em pouco mais de 302 mil operações. A cifra é menos de 19% do valor investido nas cadernetas. Hoje, todas as contas de caderneta somam R$ 191,6 bilhões.
No mês passado, o estoque da caderneta cresceu R$ 1,2 bilhão. Boa parte desses depósitos, dizem os economistas, foi atrás da maior rentabilidade do investimento na comparação com fundos DI e CDB. A diferença entre o total das poupanças e o volume de financiamentos do SFH explica o interesse dos bancos em mudar a conta da TR. As entidades financeiras, que têm de pagar o juro da caderneta, pediam a alteração da fórmula para que os juros caíssem.

Fonte: Jornal do Brasil

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