Até junho, controle era de Jefferson
A Delegacia Regional do Trabalho do Rio de Janeiro (DRT-RJ) foi, até junho
de 2005, território controlado pelo então presidente do PTB, Roberto
Jefferson, que acabou cassado, no ano passado, no episódio do mensalão. Até
então – e antes da denúncia do suposto pagamento de suborno aos
parlamentares pelo governo -, o delegado regional do Trabalho no Estado era
Henrique Barbosa de Pinho e Silva, empossado em 11 de abril de 2003. Ele
deixou o posto sob as denúncias contra o padrinho político petebista, que
estouraram depois que um diretor dos Correios foi filmado recebendo
dinheiro, no episódio de corrupção que abriu a maior crise da atual
administração.
Jefferson controlava a DRT fluminense desde o governo Fernando Henrique, nos
anos 90, num reinado prolongado, que exasperava os sindicalistas ligados à
Central Única dos Trabalhadores, controlada por sindicatos ligados ao PT.
Eles julgaram ver sua chance chegar quando Lula derrotou o tucano José Serra
em 2002, e se prepararam para assumir a repartição. Como de costume, porém,
os petistas de dividiram. A Articulação, grupo de Lula, defendeu o professor
Adeilson Telles. A esquerda do PT fluminense fechou com o advogado Wadih
Damous, que teve o apoio do então ministro do Trabalho, Jacques Wagner. Os
dois grupos pregavam contra o domínio de Jefferson no quadro da fiscalização
trabalhista no Estado.
Não adiantou. O então ministro da Casa Civil, José Dirceu, derrotou
sindicalistas do PT e Wagner, atendeu a Jefferson e impôs o nome de Pinho,
como parte do pacote que incorporou o PTB à base de apoio ao presidente
Lula, no qual entraram diretorias no Instituto de Resseguros do Brasil (IRB)
e outras estatais, como os Correios. Quando o escândalo estourou, Pinho
pediu demissão rapidamente. No terremoto político que se seguiu à revelação
da propina na ECT, deixou o cargo. Em nota, disse que o desgaste provocado
em sua imagem causou sua decisão. “Não me restava outra atitude”, afirmou.
Atualmente, a delegada da DRT, Lívia Arueira, tem apoio da esquerda petista.
E Dirceu, como Jefferson, também foi cassado no ano passado, por causa do
mensalão – no seu caso, acusado de chefiar o seu pagamento.
Fonte: O Estado de São Paulo