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Etarismo e mercado de trabalho

Muito temos feito pela inclusão e diversidade no mercado de trabalho.

Lutamos bravamente pela equidade entre as pessoas em todos os âmbitos.

Um ambiente de trabalho inclusivo é aquele que acolhe a realidade da própria sociedade em todos os seus matizes plurais.   

Cartilha Sou Segura já consolida em seu texto a importância e os benefícios da diversidade no mercado de trabalho.

“A diversidade de pessoas, estilos de vida e visões do mundo é o que possibilita fazer o diferente, agregar valores e ideias, ou seja, inovar. A diversidade é boa para os negócios, parte central da estratégia das empresas mais bem-sucedidas do planeta, e exige o envolvimento de todas as áreas de uma organização. Em outras palavras, quanto mais diverso for o ambiente de uma empresa, mais oportunidades para inovação e evolução são criadas.”   

Segundo a wikipedia: “Discriminação etária, discriminação generacional, etaísmo, idadismo ou ainda etarismo é um tipo de discriminação contra pessoas ou grupos baseado na idade. Quando este preconceito é a motivação principal por trás dos atos de discriminação contra aquela pessoa ou grupo, então tais atos constituem-se discriminação por idade.

Embora etarismo possa se referir ao preconceito contra qualquer grupo etário, a discriminação por idade está geralmente associada a duas faixas etárias específicas:

• Adolescentes: (etarismo contra adolescentes é também chamado “adultismo”), a quem são atribuídos as características estereotipadas de imaturos, insubordinados e irresponsáveis;

• Terceira idade: que são rotulados de lentos, fracos, dependentes e senis.”   

Recentemente, candidatei-me a uma vaga de Head jurídico em uma grande multinacional de tecnologia e infraestrutura e ao comentar com um amigo ele me informou que eu não seria selecionada por conta das regras dos algoritmos desta empresa, que tinham uma “régua etária” que impedia a participação de pessoas com mais de cinquenta anos nos processos seletivos.

O que eu estou sentindo na pele aos cinquenta e oito anos de idade é uma realidade de exclusão de trabalhadores do mercado de trabalho, por conta do etarismo.

Neste contexto, há que se lembrar que “o aumento da população idosa do Brasil tem sido muito mais intenso do que no cenário global. O número de brasileiros idosos de 60 anos e mais era de 2,6 milhões em 1950, passou para 29,9 milhões em 2020 e deve alcançar 72,4 milhões em 2100”.  

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad), elaborada pelo IBGE, aponta que os idosos são o grupo com menor participação no mercado. Este mesmo estudo mostra que o desemprego entre os idosos aumentou significativamente, passando de 40,3% em 2018, contra os 18,5% registrados em 2013.  

Assim, nosso tecido social está em mutação e muitos idosos ativos e saudáveis passarão a engrossar fileiras como potenciais candidatos a trabalho.

Exclui-los além de preconceito é negar a realidade e é também negar a oportunidade que essas pessoas precisam – já que as regras da Previdência Social ficaram mais rígidas e exigem que a pessoa esteja em atividade laboral por mais tempo.

Excluí-los, como excluir qualquer outro grupo desse grande caleidoscópio de cores de segmentos de nossa sociedade, é excluir também o legítimo direito de sonhar, de contribuir, de participar, de viver.  

Como já disse o longevo poeta Mário Quintana, “Um dia descobrimos que apesar de viver quase um século esse tempo todo não é suficiente para realizarmos todos os nossos sonhos.”

E que nos seja permitido, com diversidade e inclusão, sonhar e trabalhar.     

1 Cartilha Sou Segura Discriminação etária 

2 Discriminação etária – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org)

3 IBGE mostra que, em 40 anos, a população idosa vai triplicar (terra.com.br)  

4  Idosos no mercado de trabalho: o cenário, vantagens e como incluí-los (solides.com.br)

Liliana Caldeira

Liliana Caldeira é Presidente da Sou Segura, advogada, graduada pela UFRJ, pós-graduada em Direito Empresarial pela FGV/RJ e mestre em Direito Econômico, pela UFRJ, licenciada em Filosofia pela UERJ. É professora da Escola de Negócios e Seguros – ENS da graduação e pós-graduação. Participa ativamente de Associações como a AIDA (Associação Internacional de Direito de Seguros).

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