Mercado de Seguros

Cooperativa de crédito acelera no mercado de seguros

As cooperativas de crédito começam a ganhar protagonismo no mercado de seguros, impulsionadas tanto pelo aumento expressivo da concessão de crédito para empresas quanto pela modernização regulatória que está redesenhando a atuação de cooperativas e associações no setor. O movimento ficou evidente com o anúncio do Sicredi, que atingiu em outubro o marco de R$ 100 bilhões em sua carteira de crédito para pessoas jurídicas (PJ), crescimento de 17% em relação ao mesmo período de 2024. A expansão sinaliza não apenas o fortalecimento do cooperativismo, mas também a abertura de um novo ciclo de oportunidades para a oferta de seguros empresariais, sobretudo em segmentos de micro, pequenas e médias empresas.

Com 1,4 milhão de associados PJ, alta de 16,5% em 12 meses, o Sicredi mantém uma base empresarial formada majoritariamente por MEIs, micro e pequenas companhias, que representam 95% desse universo e concentram cerca de 90% do saldo da carteira PJ. Hoje, 27% das pequenas empresas brasileiras fazem parte da instituição, o que inclui mais de 350 mil CNPJs. Segundo Stella Fraiha, superintendente de Segmento PJ do Sicredi, o marco de R$ 100 bilhões reflete a força do cooperativismo, a confiança dos empreendedores e a proximidade das cooperativas com as comunidades atendidas.

Os dados acompanham o Panorama do Sistema Nacional de Crédito Cooperativo (SNCC), do Banco Central, que registrou em 2024 um avanço de 22,4% na carteira PJ das cooperativas e expansão de 21% no crédito voltado às micro, pequenas e médias empresas. Estudo da OCB, em parceria com a FIPE, reforça os efeitos do cooperativismo sobre o desenvolvimento local, indicando aumento de PIB per capita, geração de empregos e crescimento no número de estabelecimentos após a instalação de cooperativas de crédito nos municípios analisados.

Esse ambiente de expansão cria terreno fértil para o avanço das cooperativas na distribuição de seguros. A relação entre crédito e proteção financeira é direta: quanto mais empresas tomam crédito para crescer, investir e assumir compromissos, maior é a necessidade de mecanismos que garantam a continuidade das atividades. O Sicredi reconhece essa conexão como estratégica tanto do ponto de vista do associado quanto da gestão de risco da própria cooperativa.

Na prática, atrelar seguros às operações de crédito PJ significa proteção para o patrimônio, para a capacidade de pagamento e para a sustentabilidade financeira do negócio. “Quando uma empresa tem acesso a mais crédito, ela tende a investir, crescer e assumir novos compromissos financeiros. Nesse momento, é fundamental pensar também na proteção desse patrimônio”, afirma Devanir Brisola, gerente de desenvolvimento de Seguros e Consórcios da Central PR/SP/RJ. A instituição destaca que um sinistro pode paralisar operações por dias ou meses, afetando profissionais liberais, microempresários, prestadores de serviço e organizações de todos os portes. “O seguro é um complemento natural e estratégico: protege a atividade produtiva e assegura a continuidade do negócio mesmo diante de imprevistos.”

Esse posicionamento ganha ainda mais força com a nova Lei Complementar 213/2025, que redefiniu o marco regulatório de associações e cooperativas no setor de seguros e está em fase de regulamentação pela Susep. O órgão regulador vem destacando que o novo marco ampliará a competição, estimulará modelos alternativos de proteção e incluirá populações e regiões pouco atendidas, especialmente Norte, Nordeste e municípios menores. Em declarações já utilizadas em outros eventos, a Susep reforçou que o cooperativismo será um dos principais vetores de expansão da cultura de seguros no país, com potencial de diversificar produtos, alcançar micro e pequenas empresas e aumentar a presença de seguros em áreas onde seguradoras tradicionais não chegam.

No Sicredi, o segmento de seguros PJ é o que mais cresce. A expectativa para 2025 é de uma expansão de 24% nas linhas de Vida Empresarial e Patrimoniais. A instituição trabalha no modelo de multioferta com seguradoras como Icatu, Mapfre, HDI, Allianz, Yellum, Tokio Marine e Porto Seguro, oferecendo desde soluções padronizadas para pequenos negócios até projetos personalizados para necessidades específicas. Entre os principais benefícios de integrar seguro ao crédito PJ, o Sicredi destaca a proteção ao associado, a redução do risco das operações e o reforço ao propósito cooperativo, que envolve assegurar a continuidade das atividades econômicas das comunidades atendidas.

A tendência é que, nos próximos anos, o avanço do crédito cooperativo impulsione também o crescimento do seguro PJ e do seguro rural. Com maior capilaridade, especialmente em regiões onde bancos e seguradoras têm presença limitada, as cooperativas devem se consolidar como canais importantes para aproximar pequenas empresas e empreendedores de produtos de proteção financeira. Para o Sicredi, a lógica é simples: não se trata apenas de conceder crédito, mas de garantir que o associado continue prosperando mesmo diante dos imprevistos.

Fonte: Sonho Seguro – Denise Bueno

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