Cuidado com a Mulher Maravilha que há em você
Você se sente como a Mulher Maravilha? Percebe alguns traços da Mulher Maravilha em você? No nosso imaginário, a Mulher Maravilha é linda, decidida e ousada. Tem a força para lutar contra tudo e todos. Nada teme e nada freia seu ímpeto de vencer na vida. Mas…será que ela existe na vida real?
★ Será que, para nós, mulheres, é uma qualidade ter a imagem de Mulher Maravilha?
★ Quais são as expectativas sociais que precisamos atender?
★ Como lidar com a pressão de ser perfeita?
★ O que significa, afinal, ser uma mulher maravilha?
A Mulher Maravilha evoca uma imagem poderosa, mas paradoxal. A Mulher Maravilha é um ícone feminista parece ter todas as qualidades reunidas numa só mulher. Defeitos? Não tem. No entanto, qual o perigo de sermos como ela?
Esse perigo já recebeu, inclusive, um nome: A “Síndrome da Mulher Maravilha” . Essa síndrome surgiu para descrever a pressão que muitas mulheres sentem para serem perfeitas em todos os aspectos de suas vidas. É como se esperasse que elas fossem super-heroínas, capazes de conciliar carreira, família, vida social e ainda assim manter uma aparência impecável.
O que caracteriza essa síndrome? A síndrome surge de uma combinação de fatores sociais e pessoais:
- Expectativas sociais: as mulheres frequentemente enfrentam a pressão para se destacarem em suas carreiras, serem mães e parceiras dedicadas, manterem uma vida social e seguirem um certo padrão de beleza.
- Pressão Internalizada: muitas mulheres internalizam essas expectativas sociais e se esforçam para a perfeição em todas as áreas de suas vidas. Isso pode levar a um sentimento constante de não ser boa o suficiente e ao medo do fracasso.
- Papéis de homens e mulheres: os papéis tradicionais frequentemente colocam uma quantidade desproporcional de responsabilidade sobre as mulheres, particularmente na esfera doméstica.
Apesar de a Síndrome da Mulher Maravilha não ser um fenômeno novo, se tornou mais evidente nas últimas décadas, à medida que as mulheres assumiram mais responsabilidades fora de casa. Embora as mulheres tenham feito avanços significativos na educação e no mercado de trabalho, elas frequentemente ainda arcam com o peso das tarefas domésticas e dos cuidados com os filhos. E é isso que você quer para você?
Como perceber os sintomas? É possível perceber que a mulher está sofrendo da Síndrome quando a mulher tem uma sobrecarga com diversas responsabilidades, busca a perfeição a todo custo. Com isso, surge o sentimento de culpa por não estar fazendo o suficiente ou por não estar fazendo tudo tão bem como imaginava e a exaustão pela sobrecarga física e emocional.
Ao apresentar um ideal feminino inalcançável, ela contribui para a construção de um padrão de perfeição que poucas mulheres conseguem atingir.
E qual o peso dessa perfeição? Talvez você não tenha parado para pensar a respeito. Talvez você nem perceba o quanto busca o reconhecimento de ser uma heroína nos círculos social e profissional. Mas é preciso estar bem atenta.
A pressão para ser a “Mulher Maravilha” da vida real pode gerar ansiedade, depressão e à total exaustão emocional, podendo gerar, inclusive, burnout.
E deixa eu te falar aqui secretamente. Já passei por isso e falo por experiência própria: não é fácil querer ser perfeita. Ser perfeita significa, muitas vezes, abrir mão do que pode ser delegado ou dividido. Cuidado para não se sobrecarregar e vestir a capa vermelha da Mulher Maravilha. Cuidado para não assumir todas as responsabilidades como se fosse possível dar conta de tudo.
A Importância de ser humana
É fundamental reconhecer que somos seres humanos, com nossas qualidades e defeitos. Humanos erram e acertam, fazem seu melhor mas nem sempre é isso que se espera deles. Não precisamos ser perfeitas para sermos validadas ou amadas A verdadeira força está em aceitar nossas vulnerabilidades e celebrar nossas diferenças.
E como ser uma “Mulher Maravilha” no século XXI sem recair sobre a Síndrome da Mulher Maravilha?
Conselho de amiga: reduza antes de tudo suas expectativas. Aceite suas qualidades e defeitos, sem medo de ser julgada. Faça o seu melhor, mas não se exija o impossível. Valorize seus momentos de cuidado com si mesma.
Acredite em suas capacidades e celebre suas conquistas. Cada conquista deve ser motivo de comemoração.
Cuide de você e inspire outras mulheres a cuidar delas. Solidariedade e apoio a outras mulheres pode ser a chave da mudança em muitas situações como essa.
A verdadeira força está em sermos nós mesmas, com todas as nossas complexidades e contradições. Ao abraçar nossa humanidade, podemos construir um mundo mais justo e igualitário para todas as mulheres.
Por isso, neste Mês das Mulheres, negocie responsabilidades, delegue tarefas, compartilhe suas necessidades em casa e no trabalho. Eduque sua família. Imponha limites. Aprenda a dizer não ou diga não com mais frequência.
Abrace-se. Ame-se. E diga ao espelho que você pode não ser a Mulher Maravilha, mas é uma maravilha de mulher.
Vera Lorenzo
Vera Lorenzo é CEO da Fala Company, empresa fundada por ela na Holanda em 1991. Éapaixonada por inspirar e transformar pessoas. Formada em Comunicação pela UFRJ e em
Letras pela Universiteit van Amsterdam, Vera é Master Coach e Storyteller. Fala 5 idiomas e é autora do livro "50 coisas para fazer antes dos 50" e co-autora do livro "Mulheres que Transformam".
