Anfavea estima que produção de veículos pode crescer só 6%
O agravamento da falta de componentes eletrônicos ao longo desse ano, fez com que a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) fizesse a terceira revisão das estimativas de produção, exportação e vendas de veículos para 2021.
As novas projeções são bem menores do que as realizadas em julho, segundo o presidente da Anfavea, Luiz Carlos de Moraes.
Segundo ele, a Anfavea traçou dois cenários para 2021: um otimista e um mais conservador. Há muita dificuldade no radar para definirmos as estimativas para o último trimestre, mas tivemos que calibrar para baixo as projeções que fizemos em julho. Elas não fazem mais sentido.
A produção, segundo ele, considerando o ritmo de produção do terceiro trimestre, ao redor de 160 mil veículos por mês, nos três últimos meses deste ano podem ser produzidos 480 mil unidades, o que no total chega a 2,12 milhões de veículos, uma alta de 6%.
Já no cenário com um ritmo de produção semelhante ao início do ano, de 190 mil unidades, a montagem de veículos pode crescer 10% neste ano, chegando a 2,21 milhões de veículos, alta de 10%, de acordo com a Anfavea.
A estimativa de julho, era um crescimento de 22%, com 2,45 milhões de unidades produzidas pelas montadoras instaladas no país.
Moraes ressaltou que o mercado brasileiro vai seguir a dinâmica do setor automobilístico mundial. Segundo ele, a consultoria IHS estima que a produção de veículos do mundo deve ficar estável neste ano em relação a 2020. Isso porque há uma perspectiva de queda de 7 milhões a 9 milhões de unidades em razão da crise dos semicondutores. Em agosto, a consultoria havia refeito as estimativas de produção mundial, considerando um crescimento de 6 milhões de veículos, chegando a 80,8 milhões de unidades. No entanto, por causa da crise dos semicondutores em setembro ela revisou para baixo esse número – 75,8 milhões de veículos, disse.
No ano passado, as montadoras ao redor do mundo fabricaram 75 milhões de unidades. A situação é preocupante. Esperávamos uma retomada em 2021, mas infelizmente não veio. E, pelo menos até o primeiro semestre de 2022, devemos ter falta de chips no mercado mundial.
Com a nova estimativa para a produção automotiva tanto para o mundo quanto para o país, Moraes acrescentou que as exportações brasileiras de veículos também apresentaram revisões para baixo. A partir dessa simulação, a exportação poderá ser de 356 mil ou 377 mil unidades em 2021. Esperávamos uma alta de 20%, chegando a 389 mil veículos exportados. Ajustamos para baixo as estimativas, afirmou.
Com relação aos licenciamentos, o dirigente ressaltou que o volume no mercado interno pode chegar entre 2,03 milhões e 2,11 milhões, queda de 1% ou alta de 3%. A última projeção da Anfavea era de crescimento de 13%, chegando a 2,32 milhões.
Pelos dados de setembro, de acordo com a Anfavea, os licenciamentos chegaram a 155,1 mil unidades, o que representou queda de 25,3 % no mês passado em relação a setembro de 2020.
Em nove meses, as vendas de veículos acumulam alta de 14,8% alcançando 1,57 milhão de veículos. Foi o pior setembro desde 2005 em termos de vendas. A produção de veículos, segundo a Anfavea, caiu 21,3%, para 173,3 mil veículos em setembro.
Já no acumulado do ano, foram montados 1,64 milhão de unidades, aumento de 24%. O desafio é grande ainda, pois a base de comparação ainda é baixa, acrescentou Moraes.
Pelos dados da Anfavea, as exportações somaram 276,98 mil veículos até setembro, uma alta de 33,8%, no comparativo com o mesmo período de 2020. No mês passado, as vendas externas caíram 22,5%, para 23,6 mil unidades. Esse volume de exportações gerou uma receita de US$ 5,52 bilhões até setembro e US$ 634,59 milhões no mês passado, altas de 49% e 15,3%, respectivamente.
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