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Seguradoras têm potencial estratégico na certificação de riscos ASG

Há uma oportunidade se abrindo para o setor se seguros na transição para uma economia de baixo carbono, afirmou o economista e ecologista Sergio Besserman, coordenador Estratégico do Climate Reality Project no Brasil e curador de Clima e Sustentabilidade do Museu do Amanhã, um dos palestrantes do painel “Integrações das questões ASG nas operações do setor de seguros”, da Conseguro 2021, evento da Confederação Nacional das Seguradoras – CNseg para todo o setor de seguros.

“O conhecimento para o seu próprio negócio torna as seguradoras stakeholders estratégicos para todo o processo. Empresas certificadas pelas seguradoras sobre riscos climáticos podem ter diferenciais na hora de fazer um IPO, por exemplo”.

Besserman destacou ainda que, se para outros países a atenção às questões ASG representam custos, para o Brasil, significa oportunidade. “O Brasil é o único país do mundo que, caso a economia global vá realmente para o baixo carbono, ganhará inserção e competitividade”, avaliou.

Para Fátima Lima, presidente da Comissão de Integração ASG–CIASG e diretora de Sustentabilidade da MAPFRE, o setor precisa estar preparado para entender que as questões socioambientais e corporativas podem ser vistas como riscos, mas também devem ser consideradas oportunidades de negócio e diferencial competitivo. “Nosso dever de casa é entender como essas questões podem ser integradas nos processos de análises e subscrição de risco, regulação de sinistros e salvados e na inovação para criar oportunidades ASG”.

Fatima comentou ainda um estudo sobre o tema. “No final de 2020, o Loyds of London publicou o primeiro relatório ASG, no sentido de restringir a cobertura de seguros para setores com ASG crítico. Essas questões fazem parte do posicionamento já adotado por grandes empresas de seguros no âmbito global”.

O diretor da SUSEP, Vinicius Brandi, disse que o regulador tem papel essencial nesse processo. “Temos um arcabouço mais geral que define as diretrizes e os princípios para os sistemas de controles internos e estruturas de gestão de riscos das empresas. A ideia é que a regulamentação acabe se comunicando com essas regras gerais”, afirmou.

Brandi acrescentou que a SUSEP tem tentado eliminar regras para se aproximar da realidade das empresas. “Optamos por regras proporcionais, fugindo da armadilha do ‘one size fits all’. Sabemos que o mercado tem várias iniciativas. O papel do regulador é identificar as melhores práticas e nivelar a atuação do setor e encaixar a sustentabilidade na estrutura macro de governança”, explicou.

Na avaliação de Samya Paiva – Membro da Comissão de Gestão de Risco da CNseg e Diretora de Risk Management da Zurich Brasil Seguros, é esperado das empresas posicionamento e medições dos riscos climáticos no portfolio. “As questões ASG estão presentes na cadeia como um todo. Como está o meu cliente? E o meu parceiro de negócios? A empresa não pode olhar os impactos climáticos no seu balanço, sem se preocupar com o do cliente ou do parceiro. Por isso, o setor financeiro tem um papel estratégico e precisa se posicionar de forma clara, para poder cobrar metas, métricas claras, reportadas de maneira consistente”.

Samya avalia que um fator-chave para o setor desenvolver boas práticas de sucesso é a colaboração entre as seguradoras e, internamente, entre as diversas seções de uma empresa.

“É necessária uma excelente governança entre as várias áreas que participam do processo de sustentabilidade. Seja a área de varejo, comercial, operações, finanças, risco, responsabilidade social-corporativa, eventualmente o RH. Este assunto é estratégico do board”.

Relatório de Sustentabilidade

A moderadora do painel, Solange Beatriz Palheiro Mendes, diretora-executiva da CNseg, destacou que o mercado segurador brasileiro é apontado como uma liderança em sustentabilidade. “O Brasil é o País com o maior número de signatários nos princípios para sustentabilidade em seguros – o PSI – constituído pela ONU para ser uma referência mundial ao mercado segurador”.

Solange citou ainda alguns dados sobre as práticas ASG no setor:

• 65% das empresas já treinam seus analistas e gestores em ASG;

• 45% oferecem treinamentos periódicos sobre o tema para suas lideranças;

• 20% incluem na meta de desempenho da alta liderança questões ASG;

• 85% consideram essas questões na homologação e contratação de fornecedores e prestadores de serviços.

Solange encerrou o painel anunciando que o Relatório de Sustentabilidade 2020, da CNseg, editado anualmente, reunindo indicadores e métricas do setor, estava sendo lançado no evento.

Para assistir ao painel na íntegra, clicar em https://www.youtube.com/watch?v=HW_CQipIt74  

Fonte: NULL

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