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Empresas de saúde listadas em bolsa aceleram aquisições

O setor de saúde, que passa por uma consolidação desde 2018, está mais aquecido neste ano. Entre janeiro e 10 de julho, companhias com capital aberto movimentaram R$ 6,3 bilhões em fusões e aquisições, em especial, de hospitais e operadoras de planos de saúde. Deste montante, R$ 4,2 bilhões vieram de três grupos de saúde que estrearam na bolsa de valores recentemente – Rede D’Or, Dasa e Mater Dei.

No ano passado todo, os negócios somaram cerca de R$ 8 bilhões, considerando as empresas listadas em bolsa. Em 2019, o montante chegou a R$ 10 bilhões, mas metade desse valor referese a uma única transação, a compra da São Francisco Saúde pela Hapvida.

Na área hospitalar estima-se que negócios vão ocorrer ainda por mais três a cinco anos, segundo especialistas Segundo a consultoria Deloitte, o setor de saúde registrou, no acumulado deste ano, até 10 de julho, 104 transações de compra e venda. A lista inclui empresas que não negociam ações na B3, startups e farmacêuticas, mas a maior parte é de ativos ligados à prestação de serviços de saúde.

Neste ano, os maiores cheques foram para aquisições de hospitais e operadoras verticalizadas de saúde. A NotreDame Intermédica pagou R$ 1 bilhão pelo Centro Clínico Gaúcho, operadora de Porto Alegre com uma ampla rede própria. A Rede D’Or desembolsou R$ 382 milhões para ficar com 51% do hospital mineiro Biocor e entrar na praça do Mater Dei. A rede mineira, por sua vez, adquiriu o Hospital Porto Dias, no Pará, numa transação de R$ 1,3 bilhão (R$ 800 milhões em dinheiro e o resto em ações). A Dasa assinou dois cheques gordos para fincar o pé em Salvador, praça mais rentável do Nordeste. Lá comprou o Hospital da Bahia e a rede de clínicas oncológicas Amo por R$ 850 milhões e R$ 750 milhões, respectivamente. A Hapvida, de Fortaleza, aumentou sua presença no interior paulista, ao adquirir a operadora HB por R$ 450 milhões para integra-la à São Francisco, que atua na região de Ribeirão Preto.

O processo de consolidação do setor deve levar ainda mais alguns anos. Na área hospitalar estima-se que as transações vão ocorrer ainda por mais três a cinco anos, segundo especialistas do setor. Não à toa, Hapvida e Intermédica, que anunciaram uma fusão em fevereiro – o maior negócio do setor, criando uma gigante de valor estimado de R$ 112 bilhões – já informaram que nos próximos três anos vão operar separadamente para continuar as aquisições e não perder essa janela.

Segundo levantamento da consultoria BR Finance, há 278 hospitais no país que podem interessar os grupos consolidadores e investidores. São hospitais localizados em cidades com mais de 200 mil habitantes e com mais de 50 leitos. Para ser rentável, o hospital precisa ter pelo menos 150 leitos. Por isso, o interesse dos grupos de saúde e investidores em formar uma rede hospitalar. Do grupo de 278 hospitais, há 102, com mais de 100 leitos e gestão profissionalizada, que geram maior interesse, diz Maurício Nozawa, sócio da BR Finance.

Até 2015, era proibido, no país, um hospital ter sócio estrangeiro – por isso, segundo especialistas, essa área da saúde tem tanta demanda de investidores e grupos hospitalares. Na opinião de Osías Brito, sócio da BR Finance, os hospitais filantrópicos serão os próximos alvos. “São hospitais com boa reputação, mas vai ser difícil competir com os consolidadores. A Hospital Care, por exemplo, já fechou negócio com dois filantrópicos, em Campinas e Florianópolis”, disse.

No Brasil, há um total de 4,5 mil hospitais privados, mas metade tem menos de 50 leitos, cerca de 130 já estão nas mãos dos grandes grupos e cerca de 1 mil são sem fins lucrativos ou ligados a fundações.

O mercado de operadoras verticalizadas, que têm rede própria de hospitais, está mais restrito, uma vez que a oferta de ativos é menor e muitos deles já foram adquiridos nos últimos anos. Há cerca de 18 operadoras verticalizadas no país, e algumas delas, como a Prevent Senior, não estão à venda. E essas operadoras também buscam hospitais para fortalecer uma rede.

“Há uma escassez desses ativos, acredito que a consolidação dure mais uns dois anos”, disse Felipe Argemi, CEO de Santis, butique de fusões e aquisições. Segundo o executivo, Hapvida e Intermédica, que até agora fecharam o maior negócio do setor neste ano, fazem uma concorrência que incomoda operadoras e hospitais locais porque a migração de uma seguradora para uma empresa verticalizada, por exemplo, pode esvaziar o hospital independente da cidade.

Após a consolidação de operadoras e hospitais, é esperada uma nova onda de aquisições de clínicas médicas, em especial, nas áreas de oncologia e oftalmologia – segmentos que já começaram a despontar. Entre as transações recentes, a Dasa pagou R$ 750 milhões pela clínica oncológica AMO e o Fleury comprou a clínica de olhos Dr. Moacyr Cunha. E fundos de private equiy do Pátria e da XP estão investindo em plataformas de clínicas de oftalmologia.

Além desses investidores, grupos de saúde independentes também mostram interesse por esse tipo de clínica, para oferecer mais serviços a seguradoras e operadoras de planos de saúde. A consolidação de clínicas de especialidades médicas como oncologia, oftalmologia e reumatologia “ vai ser a próxima onda”, disse Saulo Sturaro, sócio da JK Capital.

Fonte: NULL

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