Idosos, preparem-se para os futuros paparicos do mercado
De um modo geral, o sentimento é de invisibilidade. O mercado parece não enxergar quem já passou dos 50. A moda ignora este segmento (que o digam as mulheres!) e não há produtos adaptados para que idosos possam desempenhar atividades do dia a dia quando surgem as primeiras limitações quem tem artrite sabe como é difícil abrir um simples pote. No entanto, esse cenário sofrerá uma enorme mudança nos próximos anos, porque esse é justamente o grupo que mais cresce e seu potencial de consumo não poderá ser ignorado. Em 2018, os baby boomers chegam em massa à aposentadoria.
Esse é um público consumidor cujo poder de compra global vai ultrapassar R$ 30 trilhões em 2020. No entanto, somente 1% dos gastos com inovação é voltado para atender às demandas dessas pessoas. Os dados constam de uma pesquisa mundial sobre consumo, encomendada pela Tetra Pak, que realizou 40 mil entrevistas em 27 países, incluindo o Brasil.
Mesmo com as dificuldades econômicas que o país enfrenta, aqui os idosos chegarão a deter 16% da renda, projeção semelhante à feita para Índia e China. Joseph Coughlin, diretor do AgeLab, laboratório dedicado ao envelhecimento do MIT (Massachusetts Institute of Technology), pôs o dedo na ferida em seu livroA economia da longevidade, recém-lançado nos Estados Unidos: ainda há uma narrativa prevalente em relação à velhice que é muito negativa. Quando se fala nos idosos, logo se pensa num bloco homogêneo que depende da generosidade de terceiros porque não tem meios para se manter. Supõe-se que vivam em comunidades segregadas ou em casas de repouso, indo às compras ou jantando quando todos estão trabalhando.
Esse oceano de estereótipos tem emperrado a oferta de produtos e serviços e o investimento em design compatível com as aspirações dos novos velhos que estão surgindo. Coughlin usa a imagem poderosa dos 8 mil dias. Ele costuma dizer que um ser humano vive 8 mil dias entre seu nascimento e a graduação na universidade; mais 8 mil dias entre a graduação e a crise da meia-idade; outros 8 mil entre a crise da meia-idade e a aposentadoria; e, por fim, são 8 mil dias de aposentadoria na sua visão, esses são 8 mil dias de oportunidades de negócio.
A AARP, organização americana que congrega 37 milhões de aposentados, criou em 2015 a agência Influent50, focada no segmento acima dos 50 anos.
Como é um braço da AARP, utiliza todo o seu vasto banco de dados, por isso sabe muito bem o que agrada a essas pessoas. Isso gerou um índice com três mil atributos que ajudam a modelar produtos sob medida para esse grupo. O slogan da Influent50, que vem prospectando o Brasil, é: Ninguém conhece melhor o mercado dos 50 mais. Em vídeo produzido pela empresa, os entrevistados dizem como é relevante que sejam ouvidos e como muitas vezes não se sentem representados. A mudança, finalmente, está em curso.
Fonte: G1