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Presidente está com dias contados, diz consultoria

O presidente Michel Temer está com os dias contados e a sua saída da presidência não deve tardar muito, segundo o analista político da MCM Consultores, Ricardo Ribeiro. Para ele, “apesar do ambiente precário e pantanoso, os políticos estão agindo para restabelecer a governabilidade, na medida de seus limites e restringidos pelo espaço exíguo de atuação que a opinião pública, o Judiciário e a situação econômica lhes impõe”.

Ribeiro avalia que o país talvez esteja transitando do “presidencialismo de coalizão, que, com Temer, novamente provou ser capaz de garantir a governabilidade, para o ´congressualismo´ de coalizão, um arranjo mais precário e ainda não testado, que, porém, pode ser suficiente para levar o país até a eleição de 2018, sem deixar a economia afundar e com alguma operacionalidade na agenda legislativa”.

Para Ribeiro, ao recuar no pedido de suspensão do processo contra ele no Supremo Tribunal Federal (STF), Temer indicou que temia ser derrotado, o que poderia levar à debandada da base aliada. Com a manobra, “desarmou o gatilho que precipitaria a sua queda”, mas, “o mesmo tempo, salientou seu esvaziamento político”, diz ele.

Em nota, Ribeiro escreve que o caminho mais provável para a queda de Temer é “a renúncia induzida pelo contínuo esfacelamento da capacidade de atuação política do atual presidente”. Para ele, se isso não ocorrer até 6 de junho, o presidente será provavelmente “renunciado” pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que vai analisar a cassação da chapa Dilma Rousseff-Temer nas eleições de 2014.

Ribeiro observa que Temer tem como opção jurídica apelar ao Supremo Tribunal Federal (STF). “Politicamente, contudo, não faz sentido. Apenas adiaria o desfecho já sinalizado pelo TSE, a saber, a cassação do atual presidente, com o agravante de que a não solução do imbróglio causaria crescente deterioração da situação econômica.”

Para que o caminha da renúncia fique “desimpedido”, é importante “estender alguma rede de proteção a Temer”, diz o analista. “Ele precisa se convencer que não será preso assim que deixar a presidência. Esse é um ponto complicado nesse arranjo, pois pressupõe algum acerto com o Judiciário.”

Ribeiro nota que o governo Temer era frágil sob vários aspectos. “Temer assumiu a presidência com popularidade baixa. Desde então, sua aprovação não parou de cair. Tornou-se quase tão rejeitado quanto Dilma. Depois do evento JBS, deve ter conseguido a proeza de ser mais impopular.”

Outro ponto é que Temer e integrantes do primeiro escalão já haviam sido atingidos por “respingos” da Lava-Jato. “Temer se sustentava no poder porque formou uma boa equipe econômica, restaurou a governabilidade política e, com habilidade, estava levando adiante a agenda de reformas. Com isso, a economia tendia a deslanchar e Temer teria atravessado a pinguela.”

No entanto, a gravação feita pelo empresário Joesley Batista, da JBS, destruiu essa possibilidade. “Antes, a opinião pública suspeitava que ele era corrupto – para a maioria da população, ainda mais nesses tempos de escândalos sequenciais, todos os políticos são suspeitos. Agora, tem certeza”.

Outro ponto é que Temer se tornou um alvo preferencial da Procuradoria-Geral da República. “E políticos nesta situação costumam ser triturados pela ação do Ministério Público e do Judiciário alimentados por delações premiadas.” Além disso, Ribeiro diz que Temer tornou-se inútil para a elite econômica, ao perder condições de liderar a aprovação das reformas, especialmente a da Previdência. “Pior ainda, tornou-se um ruído que alimenta incertezas a respeito da recuperação da economia”.

Nesse ambiente, o custo político de apoiar o presidente aumentou exponencialmente, diz Ribeiro. “PSDB e DEM ainda não o abandonaram porque estão tentando construir, com o PMDB, a transição para o pós-Temer. Até o PT, tudo indica, está participando das conversas.”

Para Ribeiro, o sucessor de Temer, a ser eleito pelo Congresso, deve sair de um grupo de cinco nomes. Com mais chances, aparecem o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e o ex-ministro Nelson Jobim; com menos, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, e a presidente do STF, Carmen Lucia. “Mas nomes pouco cotados, ou alguém que ainda nem apareceu nas bolsas de apostas, não podem ser integralmente descartados.”

Nesse quadro, Ribeiro avalia que o mais importante é que os políticos estão agindo para restabelecer a governabilidade. “Além de viabilizar a troca de comando no Planalto, a restauração da governabilidade passa pela retomada das votações no Congresso. Nesta semana, há boa chance de que as MPs que estão prestes a expirar sejam votadas. A tramitação da reforma trabalhista também deve avançar.”

Já a reforma da Previdência deve seguir parada, pelo menos até que se defina a sucessão de Temer. “Depois disso, voltará à agenda. Não se pode apostar que será aprovada. Mas não está morta e enterrada. Quanto mais rápida for a transição, mais chance terá de voltar a andar.” Ribeiro termina cogitando que o país esteja transitando do presidencialismo de coalizão para o que chama de “congressualismo” de coalizão. “Não é muito. Mas já é um pouco melhor do que tínhamos na manhã da última quinta-feira.”

Fonte: Valor

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