Copom vê ritmo de corte ´apropriado´ da Selic
O Comitê de Política Monetária (Copom) considera o ritmo de corte da taxa básica de juros, a Selic, “apropriado”, mas o atual contexto econômico pede um “monitoramento dos eventos que determinam o grau de antecipação do ciclo de afrouxamento monetário”. A afirmação foi feita pelo presidente do Banco Central (BC), Ilan Goldfajn, e reforça a mensagem da ata do Copom divulgada na terça-feira, que mostrou que os membros do colegiado discutiram a possibilidade de cortar a Selic em mais de 1 ponto percentual nas suas próximas reuniões.
Em palestra feita por videoconferência em evento do MIT Sloan School of Management, Ilan explicou que os ritmo do corte da Selic, atualmente em 11,25% ao ano, vai depender da estimativa da extensão do próprio ciclo e do seu grau de antecipação. O grau de antecipação, por sua vez, depende da evolução da atividade econômica, dos demais fatores de risco acompanhados pelo Copom, e do comportamento das expectativas e projeções de inflação.
Na ata, o BC reforçou a ideia de que a atual conjuntura recomenda a antecipação do ciclo de corte de juro e na parte dedicada às discussões sobre os próximos passos de política monetária, os membros do Copom disseram “que a evolução da conjuntura econômica já permitiria uma intensificação do ritmo de flexibilização monetária maior do que a decidida nessa reunião”.
Por outro lado, os membros do Copom também argumentaram que, “dado o caráter prospectivo da condução da política monetária, a continuidade das incertezas e dos fatores de risco que ainda pairam sobre a economia tornaria mais adequada a manutenção do ritmo imprimido nessa reunião”.
Na sua fala, disponibilizada no site do BC, Ilan não listou os fatores de risco, mas eles são os já conhecidos ambiente externo, aprovação das reformas, choque no preço de alimentos e seus efeitos sobre outros preços e expectativas e o ritmo de recuperação da atividade.
Sobre o comportamento da economia, Ilan reforçou a avaliação de que os sinais são condizentes com estabilização e retomada gradual do crescimento ao longo de 2017. “Esperamos que o crescimento fique ao redor de 2,5% no último trimestre deste ano em comparação com igual período do ano passado”, disse.
Sobre o cenário internacional, a avaliação do presidente é de que o Brasil está menos vulnerável a choques externos e que o atual momento de incerteza global coincide com um período de estabilização econômica e melhora dos fundamentos.
Com exemplo, o presidente citou o déficit em conta corrente de 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB) tranquilamente financiado pelo Investimento Direto no País (IDP) de 4,2% do produto. E o elevado estoque de reservas, que passa dos US$ 375 bilhões, ou 20% do PIB, e que funciona como um “seguro” em momentos de incerteza.
Ilan também lembrou que o BC reduziu o estoque de swaps cambiais, utilizados para dar liquidez e proteção ao mercado, de US$ 108 bilhões para cerca de US$ 18 bilhões, “atingindo uma posição mais confortável”. Essa avaliação de conforto com o atual estoque reforça a percepção de que o BC deve seguir com a rolagem integral do lote de contratos vincendos em maio, que soma US$ 6,389 bilhões.
Fonte: Valor