Planejamento vê fim da fase de redução de estoques na indústria
O secretário de Planejamento e Assuntos Econômicos do Ministério do Planejamento, Marcos Ferrari, disse que o processo de redução de estoques industriais no Brasil se encerrou e que este é um elemento que corrobora o cenário mais favorável para a economia neste ano. “Houve uma redução de estoques entre 2015 e 2016. Chega um momento em que a indústria tem que recompor esses estoques e isso significa produzir mais”, disse Ferrari. “Os dados apontam que essa redução já se encerrou”, diz.
Para ele, o crescimento das importações de bens intermediários é outro fator que mostra que a indústria entrou na fase de produção e encerrou o ciclo de redução de estoques. De janeiro a março, as compras de bens intermediários, que Ferrari considera insumo para produção de bens industriais, cresceu 16,2%, ante igual período de 2016.
Ferrari destaca também que o cenário de volta dos investimentos está ficando mais claro e será outro vetor importante para a retomada da economia. Nesse sentido, ele destacou a alta de 6,5% na produção de bens de capital da indústria em fevereiro, ante janeiro.
“Isto me leva a pensar que haverá crescimento nos investimentos”, disse o secretário. “Talvez não seja um crescimento robusto, mas como tivemos três anos de queda na produção de bens de capital, em algum momento as empresas têm que renovar seu maquinário.”.
O secretário apontou ainda que a queda da Selic, viabilizada pelo IPCA abaixo da meta, e a queda da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) também fortalecem as condições para o investimento. Ferrari destaca que a queda da TJLP não é “episódica” e está dentro do contexto de queda da inflação e do ciclo de afrouxamento monetário. Nesse sentido, ele também lembrou a redução dos juros do crédito consignado e das taxas de fundos constitucionais, definidas na semana passada, que são ações que ele reconhece estarem interligadas e ajudam o crescimento.
A visão dele é que a demanda interna, depois de dois anos no terreno muito negativo, também deve ter um cenário mais favorável neste ano, não só pelos investimentos, mas também pelo consumo.
Para Ferrari, a liberação do FGTS, que tem 70% do valor em contas com até dois salários mínimos, tem grande potencial de consumo no curto prazo. Mesmo que seja usado para pagar dívida em vez de gastar, o recurso do FGTS melhora o balanço das famílias e, junto com inflação mais baixa e alta do salário mínimo, fortalece o consumo futuro.
O secretário também comemora a melhora do saldo comercial, destacando que, no caso atual, diferentemente dos últimos anos, está havendo aumento da corrente de comércio, com as exportações e importações subindo. Para ele, esse é mais um sintoma favorável.
Fonte: Valor