Piloto não relatou falha antes de avião cair
A gravação de áudio do avião em que estava o ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal, indica que não houve relato de problemas no bimotor antes da queda em Paraty (RJ) na quinta-feira da semana passada.
Conforme a Folha apurou, os registros da cabine do avião King Air captaram diálogos do piloto Osmar Rodrigues com outros pilotos que voavam pela região.
Em uma conversa, o piloto diz que vai esperar a chuva diminuir antes de pousar. Pouco depois, a gravação teria sido interrompida, segundo análises preliminares.
Na avaliação de técnicos do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), o teor aponta, em caráter preliminar, que o piloto pode ter perdido o controle da aeronave, levando-a ao choque com a água. Teori, relator do processo principal da Operação Lava Jato, o piloto e os outros três passageiros morreram.
O áudio não explica exatamente o que ocorreu -a investigação depende de outros fatores para que a causa da queda seja esclarecida.
A Aeronáutica confirmou nesta segunda-feira (23) que conseguiu acessar material do gravador de voz da cabine do avião, mas o conteúdo não foi divulgado, já que a Justiça Federal decretou sigilo sobre as investigações.
O aparelho, chamado de CRV, sofreu danos pelo contato com a água do mar, mas eles não foram graves a ponto de impedir o acesso aos dados. 0 equipamento grava os últimos 30 minutos de conversa na cabine do avião.
Segundo a Folha apurou, o registro de áudio foi feito durante todo esse período.
Como o aeroporto para o qual o avião ia não tem torre de controle, o gravador em tese registrou contatos do piloto com a torre de controle do Campo de Marte, em São Paulo, de onde o avião partiu.
A investigação do Cenipa é focada na identificação de causas da queda e em possíveis recomendações para redução de riscos. A apuração não tem prazo para acabar.
O inquérito tocado pela Polícia Federal sobre a queda do avião inclui investigações em Sorocaba (SP), onde se localiza o hangar principal utilizado pelo avião King Air que se acidentou, Paraty e no Campo de Marte, onde foi apreendido equipamento de vídeo com imagens captadas sobre a chegada do ministro do STF no dia do acidente.
Os policiais, entre os quais um ex-piloto de avião comercial, são lotados na direção da PF, em Brasília. O objetivo do inquérito sigiloso da polícia é averiguar se alguma ação criminosa concorreu para a queda do King Air.
A fabricante do King Air, a Textron Aviation Corporate, que controla a Beechcraft, disse à reportagem, por e-mail, que pode ajudar nas investigações. Sediada em Rhode Island (EUA), a Tex-trom produz aviões Beechcraft e Cessna e helicópteros, entre outros aparelhos.
Fonte: Folha de São Paulo
