Dívida pública sobe 2,77% em junho, para R$ 2,95 trilhões
A dívida pública federal brasileira, que inclui os endividamentos interno e externo do governo, subiu 2,77% em junho, para R$ 2,95 trilhões, informou o Tesouro Nacional nesta segunda-feira (25). Em maio, o endividamento público havia somado R$ 2,87 trilhões.
O aumento da dívida pública em junho está relacionado com a emissão líquida de títulos públicos, ou seja, acima do volume dos resgates (papéis que venceram no mês passado) em R$ 61,1 bilhões.
Em junho, foram resgatados R$ 1,31 bilhão em papéis, enquanto que as emissões de títulos da dívida somaram R$ 62,42 bilhões. A alta da dívida também está relacionada com as despesas com juros, que totalizaram R$ 18,67 bilhões no mês passado.
Dívida interna X externa
No caso da dívida interna, houve alta de 3,41% em junho, para R$ 2,74 trilhões. A emissão de títulos públicos e as despesas com juros contribuíram para o aumento da dívida interna no mês passado.
No caso do endividamento externo, houve uma queda de 10,34% no mês passado, para R$ 120 bilhões. No caso da dívida em moeda estrangeira, o recuo decorreu da queda do dólar no período.
Como a dívida no exterior é cotada em moeda estrangeira, principalmente o dólar, quando essa moeda cai frente ao real, consequentemente diminui o valor da dívida externa.
Programação para 2016
A expectativa do Tesouro Nacional é de que a dívida pública continuará avançando em 2016 e deverá ultrapassar a barreira dos R$ 3 trilhões no fim deste ano, podendo chegar a R$ 3,3 trilhões.
Segundo o Tesouro, as necessidades brutas de financiamento da dívida pública neste ano, por meio da emissão de títulos, são de R$ 698 bilhões, mas estão previstos R$ 108 bilhões em recursos orçamentários. Com isso, a necessidade líquida de financiamento é de R$ 589 bilhões.
Compradores
Os números do Tesouro Nacional também revelam que a participação dos investidores estrangeiros na dívida pública interna caiu em junho. No mês passado, os investidores não residentes detinham 16,41% do total da dívida interna (R$ 465 bilhões), contra 16,6% (R$ 455 bilhões) em maio.
Com isso, os estrangeiros seguem na quarta colocação de principais detentores da dívida pública interna em junho, atrás das instituições financeiras (23,65% do total, ou R$ 671 bilhões), dos fundos de previdência (23,57%, ou R$ 668 bilhões) e dos fundos de investimento (20,91% do total, ou R$ 593 bilhões).
Perfil da dívida
O Tesouro Nacional informou ainda que o estoque de títulos prefixados (papéis que têm a correção determinada no momento do leilão) somou R$ 1,06 trilhão em junho, ou 37,4% do total, contra R$ 1 trilhão, ou 36,66% do total, em maio. O cálculo foi feito após a contabilização dos contratos de swap cambial.
Os títulos atrelados aos juros básicos da economia (os pós-fixados) também tiveram sua participação elevada em junho. No fim do mês passado, estes títulos públicos representavam 19,97% do volume total da dívida interna em mercado, ou R$ 566 bilhões, contra 19% do total (R$ 522 bilhões) em maio.
A parcela da dívida atrelada aos índices de preços (inflação) somou 35,17% do total em junho deste ano, ou R$ 997 bilhões, contra 35,63% do total em maio de 2016 o equivalente a também a R$ 977 bilhões.
Contratos de swap
Os ativos indexados à variação da taxa de câmbio, por sua vez, somaram 7,40% do total (R$ 210 bilhões) em junho, contra R$ 237 bilhões (8,67% do total) em maio deste ano.
Esta dívida atrelada ao dólar se deve à emissão, pelo Banco Central, de contratos de swap cambial que funcionam como uma venda de dólares no mercado futuro (derivativos) para evitar uma alta maior na cotação do dólar.
Os swaps cambiais são contratos para troca de riscos. O BC oferece um contrato de venda de dólares, com data de encerramento definida, mas não entrega a moeda. No vencimento deles, o BC se compromete a pagar uma taxa de juros sobre valor dos contratos e recebe do investidor a variação do dólar no mesmo período.
É uma forma de a instituição garantir a oferta da moeda norte-americana no mercado, mesmo que para o futuro, e controlar a alta da cotação. Recentemente, a instituição informou que pretende emitir menos destes contratos, o que tende a baixar o patamar da dívida atrelada à variação da taxa de câmbio.
Fonte: O Globo