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FenSeg discute efeitos da exposição a catástrofes naturais

Mais de 33 milhões de brasileiros estão expostos a riscos de enchentes e inundações, e, pior, 90% das perdas oriundas destes eventos não dispõem de proteção do seguro. Tais informações, que colocam o Brasil no mapa global de riscos de eventos naturais, foram apresentadas no Seminário de Riscos de Engenharia – Catástrofes Naturais, promovido pela Comissão de Riscos de Engenharia da Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg), nesta quarta-feira (15/06), na sede do Sindicato das Seguradoras do Estado de São Paulo (Sindseg-SP).

A especialista em Catástrofes Naturais da Swiss Re, Helena Perez, abordou os tipos de riscos mais frequentes no Brasil relacionado a desastres naturais. Segundo ela, em um intervalo de aproximadamente 30 anos – que compreende o período de 1975 a 2014 – a quantidade de enchentes e inundações evoluiu de forma alarmante no País, assim como a severidade desses eventos. “Hoje, 17% da população brasileira está exposta a este tipo de risco, e a estimativa é de que, em 2030, este percentual atinja 40%”, assinalou, ressaltando que, além das perdas econômicas em larga escala, as enchentes possuem impacto social muito grande.

Para o engenheiro civil e presidente da Comissão de Riscos de Engenharia da FenSeg, Marcos José Ávila da Costa, a falta de um banco de dados consolidado e organizado, com informações e histórico sobre os eventos catastróficos no Brasil, é um dos maiores desafios para a subscrição de riscos no segmento de Engenharia. “Temos poucas ferramentas para identificar se uma determinada área a ser segurada é um local vulnerável a tremores de terra, vendavais e alagamentos, que geralmente produzem um volume grande de sinistros, tanto em quantidade quanto em valores. Quando nós vamos fazer a subscrição de uma estrada, por exemplo, às vezes são 100, 200 ou 300 quilômetros, e com uma ferramenta adequada, ficaria possível avaliar quais seriam os trechos mais sujeitos a estes tipos de eventos, para que, na emissão da apólice, possa haver um equilíbrio entre a aceitação de riscos e a franquia adequada”, explicou.

Em sua fala, Helena Perez também destacou que as dimensões continentais do Brasil, com seus 4.700 quilômetros de costa ao lado de uma imensa área de superfície, agravam as chances de ocorrências de catástrofes naturais no País. “Hoje, em termos de riscos meteorológicos, podemos destacar a exposição a tornados e a granizo na região Sul. Em relação a enchentes, apenas uma ocorrência registrada no Estado do Rio de Janeiro, em 2008, gerou um montante de perdas estimado em R$ 373 milhões para recuperação de uma rodovia. As perdas por catástrofes não param de aumentar e o crescimento dos produtos de seguro para estes eventos não está acompanhando os prejuízos”, sinalizou.

A especialista também fez uma relação entre os seguros em casos de incêndios e os seguros para enchentes e catástrofes naturais de forma geral. Ela constatou, ao compará-los, que as coberturas para incêndios, embora estejam relacionadas a um produto mais antigo e conhecido, são bem mais abrangentes e organizadas, enquanto as de enchentes ainda precisam ser aprimoradas. “As enchentes têm um potencial de perda bem maior do que os incêndios, geralmente atingem uma área mais extensa e há muito mais volatilidade para detalhar as perdas”, disse.

Em relação à mitigação de riscos, Helena Perez apresentou uma ferramenta da Swiss Re que demonstra e detalha a incidência de catástrofes naturais e eventos climáticos em todo o mundo. “Na hora da subscrição, é necessário analisar os possíveis perigos, a vulnerabilidade, decidir se é um risco aceitável ou não, e quais medidas podem ser adotadas para auxiliar a mitigação do risco”, orienta.

O Seminário de Riscos de Engenharia – Catástrofes Naturais teve apoio da Escola Nacional de Seguros e reuniu uma plateia de cerca de 50 pessoas, entre executivos de cargos gerenciais, especialistas técnicos e subscritores.

Fonte: Fenseg

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