Carros sem motorista poderiam provocar mudanças no setor de seguros
Os carros sem motorista desenvolvidos por empresas como Google Inc. poderiam provocar transformações na indústria seguradora se sua tecnologia para evitar acidentes provocar uma mudança na transferência do risco, de acordo com uma das primeiras publicações do blog do Banco da Inglaterra (BOE).
Como os motoristas humanos serão substituídos por lasers e sensores, a responsabilidade poderia passar a recair sobre os fabricantes, disseram Neha Jain, James OReilly e Nicholas Silk, funcionários do BOE, em uma publicação desta sexta-feira. Esses desenvolvimentos devem suscitar perguntas complexas para a Prudential Regulation Authority do banco, que regulamenta as seguradoras do Reino Unido.
A publicação apareceu no Bank Underground, um blog dos funcionários para que eles possam compartilhar comentários e análises, que é parte de uma iniciativa do presidente do banco, Mark Carney, para aumentar a transparência e agir contra uma maneira de pensar única. Não haverá uma perspectiva institucional e os autores poderão discordar do posicionamento oficial do BOE, do consenso externo e até uns dos outros, escreveu o editor do blog, John Lewis, na publicação que marcou o lançamento do blog, nesta sexta-feira.
Embora seja possível que os carros sem motorista reduzam o número de acidentes provocados por erro humano e diminuam o custo e a frequência dos reclamações, as seguradoras verão os prêmios encolherem, escreveram os autores. Um resultado pode ser a transferência da responsabilidade para os fabricantes dos veículos, que poderiam provocar impasses entre as seguradoras e os fabricantes. Os seguros automobilísticos destinados ao consumidor que atualmente se baseiam na relação entre um motorista e sua companhia de seguros poderiam passar a assumir a forma de contratos cada vez mais comerciais, interempresariais, escreveram. Os reguladores devem ter consciência dessas possíveis reconfigurações.
Riscos de deflação Em outra postagem, os funcionários do BOE analisaram o potencial impacto dos riscos de deflação onde os responsáveis pela política econômica não conseguiram reforçar o estímulo porque a principal taxa de juros estava quase zerada. Isso pode aumentar riscos em horizontes mais longos ou tornar as crises da deflação mais persistentes.
A inflação no Reino Unido foi de 0,1 por cento em maio, muito abaixo da meta de 2 por cento do banco, depois de ter caído para menos de zero em abril. O Comitê de Política Monetária (MPC, na sigla em inglês) mantém a taxa de juros de referência em 0,5 por cento, o recorde de baixa, desde março de 2009. Considerando-se o quanto a inflação está baixa atualmente, a possibilidade de que o Reino Unido registre taxas de inflação negativas nos próximos trimestres é tão alta quanto em qualquer momento desde a crise financeira, escreveram Alex Haberis, Riccardo Masolo e Kate Reinold. Mas outro fator que poderia contribuir é a suposição de que falta espaço para que o MPC implemente mais relaxamentos monetários.
Fonte: InfoMoney