56% dos empregados são demitidos em menos de 1 ano
Segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), 56,6% dos trabalhadores formais são desligados do mercado antes de completar um ano de serviço. Esta taxa é a média de janeiro a junho de 2006. No comparativo com o mesmo período do ano passado, não houve grande alteração, mas a rotatividade no mercado de trabalho assusta e está mobilizando trabalhadores e empresários. ?Essa taxa é grande?, sentencia Clemente Ganz, diretor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
Frente a esses números, algumas categorias, como é a da construção civil, em que a admissão e demissão dos trabalhadores é rotina, propõem a criação de um estatuto próprio que possa contemplar as especificidades do setor. ?Na construção civil a rotatividade é uma característica do ramo. Não é como numa fábrica, que tem endereço certo e está sempre no mesmo lugar?, explica Eduardo Zaidan, diretor de Economia do Sinduscon-SP.
A rotatividade no setor é mais alta do que a média porque na construção civil há uma grande multiplicidade de funções. ?Contrata-se um trabalhador para executar uma única função, por exemplo, carpinteiro de forma. Depois de concluída a sua parte, ele é demitido e vai procurar outra empresa?, conta Zaidan.
Segundo o diretor, o grande investimento da construção civil é justamente no capital humano. ?Vive-se basicamente de mão-de-obra intensiva?, afirma. Zaidan diz que profissionais treinados, produtivos e que sabem fazer bem o serviço oferecem um retorno precioso para as empresas.
O advogado trabalhista Marcelo Batuira Pedroso acredita que apesar de cada empresa ter sua razão para admitir e demitir um funcionário, o curto período de experiência no Brasil um aspecto que acaba contribuindo para a rotatividade. ?São 90 dias, em algumas convenções esse tempo é reduzido para 60?, diz Pedroso. Segundo o advogado, esse não é tempo suficiente para avaliar todas as competências do trabalhador, principalmente no caso de funções mais qualificadas. ?Diante das barreiras de entrada e saída, vale mais a pena ao empresário dar mais chances aos funcionários para se adaptarem?, analisa Pedroso.
Marcel Cordeiro, professor de Direito Trabalhista da PUC, diz que esse processo de admissão e desligamento tem um alto custo. ?Se somados os encargos, o treinamento e todo investimento por trás de uma contratação formal, o desligamento não é interessante para as empresas?, conclui o professor.
Fonte: DCI OnLine