Volatilidade mundial eleva riscos e estimula vendas das seguradoras
A volatilidade mundial – com a disparada do preço do petróleo, a crise de crédito hipotecário (subprime) e a discussão em torno do desabastecimento de alimentos – gera um grande mercado para as seguradoras, afirma Cláudio Contador, Ph.D em economia e diretor de pesquisa e desenvolvimento da Funenseg, durante sua palestra “Situação política e econômica na América Latina: perspectivas para o mercado de seguros de crédito e garantia”, na XX Assembléia da Associação Panamericana de Fianças e Garantias (APF-Pasa).
Segundo ele, há um grande espaço para o seguro ajudar de forma positiva este cenário de volatilidade financeira. “Vejo enormes oportunidades. Proteger vidas, patrimônios. Dar garantias para o crédito, para a exportação, para financiamentos de projetos. Garantias para risco cambial das operações. Para o patrimônio de executivos pressionados por acionistas. Seguro para garantir as operações de fusões e aquisições”, enumerou o economista para cerca de 300 executivos de 28 países presentes no evento que teve início, ontem, no Hotel Sheraton, em São Conrado (RJ), e vai até a próxima quarta-feira (dia 11). Segundo Contador, este cenário deverá fazer com que as vendas de seguros no mundo este ano ultrapassem US$ 4,8 trilhões de em vendas, sendo 63% em seguro de vida. Em 2009, devem atingir US$ 5,6 trilhões. Na America Latina, a expectativa é de US$ 100 bilhões e US$ 115 bilhões em 2008 e 2009 respectivamente, sendo ainda muito pequena a participação do segmento vida.
Para suportar tal crescimento, diz o economista, as instituições financeiras precisam estar mais preparadas. Segundo Contador, uma fase importante do mercado de seguro é compreender melhor o mercado financeiro. A convergência é uma realidade e temos de integrar a regulação de bancos e seguradoras. Tal convergência, segundo ele, é importante para evitar problemas no futuro.
Receber o grau de investimento de duas renomadas agências internacionais e consolidar a abertura do mercado de resseguros foram fatores que trouxeram grande visibilidade ao Brasil. “Abertura cria oportunidade para todos. Há muitos anos as empresas se preparam para operar dentro do contexto mundial,” diz Anibal Lopes, presidente da Pasa, entidade que completa neste evento 36 anos.
A expectativa dos executivos do setor é de que as vendas de seguro garantia chegarão a R$ 500 milhões em prêmios em 2008. Em 2007, atingiram R$ 346 milhões. No primeiro trimestre deste ano os prêmios já somaram R$ 105 milhões, alta de 108% em relação ao mesmo período do ano anterior. “Isto é fruto do desenvolvimento do País. Ainda há muito para ser feito em infra-estrutura para elevar o patamar do País”, diz João Gilberto Possiede, presidente da J.Malucelli e presidente do comitê organizador do evento.
Os investimentos previstos apenas em projetos voltados a produção de energia na América Latina totalizam US$ 1 trilhão até 2030. “Mas há outros setores potenciais”, diz Edvaldo Cerqueira, presidente da Áurea Seguros de Crédito e Garantia. Para ele, boa parte do incremento do setor virá da construção de navios. A seguradora foi responsável pelo seguro da Atlântico Sul para a construção de dez petroleiros no ano passado. “Estamos aguardando vários outros contratos, como os 120 navios de apoio a plataformas pela Petrobras, por exemplo”, cita. Segundo Luis Barreto, diretor da OCS, corretora cativa do grupo Odebrecht, um grande ganho com este cenário promissor do Brasil é a entrada de novos seguradores. “Hoje temos muitas outras anunciando investimentos em garantia”, diz.
Fonte: Gazeta Mercantil