Volatilidade geopolítica entra no ranking dos 10 riscos para negócios
A corretora de seguros Aon divulgou a edição 2025 do Global Risk Management Survey, levantamento que há 19 anos mapeia os principais riscos que impactam empresas ao redor do mundo. A pesquisa revela uma ascensão inédita da volatilidade geopolítica, que entrou pela primeira vez no grupo dos dez maiores riscos globais para os negócios.
O estudo reuniu respostas de quase 3 mil gestores de risco, executivos de C-level e líderes empresariais em 63 países. O tema “volatilidade geopolítica” saltou 12 posições desde o último levantamento, realizado em 2023. O avanço reflete um ambiente global cada vez mais instável, com repercussões diretas nas cadeias de suprimento, na regulação e no desempenho financeiro das companhias.
Apesar do aumento da preocupação, a maioria das organizações ainda não está preparada: apenas 14% dos entrevistados monitoram sua exposição aos dez principais riscos e só 19% utilizam análises quantitativas para avaliar o valor de seus programas de seguros.
“O aumento dramático dos riscos comerciais e geopolíticos evidencia uma nova realidade: volatilidade e incerteza tornaram-se constantes para as organizações”, afirma Joe Peiser, CEO de Risco Comercial da Aon. “Da evolução de tarifas a mudanças de alianças, esses fatores impactam diretamente o balanço das empresas. A resiliência só virá com análises robustas e planejamento de cenários.”
Os 10 maiores riscos globais em 2025
Ataque cibernético ou violação de dados
Interrupção dos negócios
Desaceleração ou recuperação lenta da economia
Mudanças regulatórias ou legislativas
Aumento da concorrência
Risco de preço de commodities ou escassez de materiais
Falha na cadeia de suprimentos ou distribuição
Danos à reputação ou marca
Volatilidade geopolítica
Risco de fluxo de caixa ou liquidez
Cibersegurança e IA: riscos persistentes e em evolução
A cibersegurança manteve a liderança do ranking, tanto no presente quanto nas projeções futuras. A rápida adoção de plataformas digitais e tecnologias de inteligência artificial expandiu a superfície de ataque, tornando incidentes cibernéticos mais complexos e frequentes.
“A escala e a complexidade do risco cibernético atual são inéditas”, observa Brent Rieth, líder global de Ciber da Aon. “Nossos clientes já utilizam a IA tanto para defesa quanto para ataque, buscando aumentar a resiliência e impulsionar crescimento. O diferencial competitivo estará em tratar a cibersegurança como pauta estratégica no conselho, investindo em quantificação e em estruturas de governança de riscos com IA.”
Apesar disso, apenas 13% dos respondentes afirmam ter quantificado sua exposição cibernética, evidenciando uma lacuna entre consciência e ação que contribui para a subcontratação de seguros e potenciais perdas financeiras e reputacionais.
Se em 2023 “falha em atrair e reter talentos” aparecia na quarta posição global, em 2025 os riscos ligados à força de trabalho caíram fora do top 10, mesmo diante de escassez de profissionais e aumento dos custos de saúde.
“É preocupante ver os riscos de capital humano caírem no ranking quando, na prática, continuam profundamente conectados à resiliência das empresas”, afirma Lisa Stevens, diretora administrativa da Aon. “A transformação trazida pela IA sobre como e onde as pessoas trabalham exige estratégias mais personalizadas, uso de analytics e foco em desenvolvimento de habilidades.”
O levantamento também projetou os principais riscos que devem dominar a agenda até 2028. Cibersegurança segue em primeiro lugar, mas inteligência artificial e mudanças climáticas entram na lista, refletindo o impacto crescente da tecnologia e dos eventos climáticos extremos sobre os negócios.
Com 2024 registrado como o ano mais quente da história e perdas seguradas globais por catástrofes naturais acima de US$ 145 bilhões, a mudança climática subiu para a 9ª posição no ranking de riscos futuros.
Top 10 riscos esperados para 2028
Ataque cibernético ou violação de dados
Desaceleração ou recuperação lenta da economia
Aumento da concorrência
Risco de preço de commodities ou escassez de materiais
Volatilidade geopolítica
Mudanças regulatórias ou legislativas
Interrupção dos negócios
Inteligência Artificial
Mudanças climáticas
Risco de fluxo de caixa ou liquidez
“O que chama atenção é a velocidade com que forças como IA e clima avançam para o centro do debate”, comenta Richard Waterer, líder global de Consultoria em Riscos da Aon. “Essas megatendências não apenas acrescentam complexidade, mas transformam a maneira como se constrói resiliência. O desafio será antecipar a interação entre tecnologia, geopolítica e pressões ambientais e adotar estratégias suficientemente flexíveis para se adaptar ao que vier.”
Fonte: Sonho Seguro – Denise Bueno
