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Vinho com mais de 15 graus não entra

Pela facilidade de acesso que nós no Brasil temos no que se refere a vinhos argentinos, pode à primeira vista parecer falta do que fazer ter ido ao evento da Wines of Argentina, quarta-feira passada, em Londres. Mas, afora utilizar a ocasião para agendar encontros com gente do mercado inglês, eu estava curioso em ficar a par de eventuais entraves que expliquem a fraca aceitação que os vinhos argentinos têm na Inglaterra, contrariamente ao que ocorre com os rótulos chilenos, que estão bem posicionados.
No fundo há vários, começando pela pouca tradição – o Chile começou bem mais cedo e com um estilo mais internacional (até pode ser menos diferenciado, mas não é o que os ingleses buscam no momento). Algumas vinícolas, porém, não têm do que se queixar, e a Luigi Bosca é um exemplo. Segundo Alberto Arizu, filho, a questão é encontrar um bom distribuidor e buscar um nicho. Eles deram sorte: a Bancroft, seu representante no Reino Unido é muito forte no ” on trade ” , restaurantes e lojas independentes, fazendo inclusive com que a média de preços dos vinhos que essa vinícola argentina envia para lá seja um dos mais altos da sua carteira de exportação.
Outro fator, que me surpreendeu, foi tomar conhecimento de leis britânicas que proíbem a entrada de vinhos com mais de 15 graus alcoólicos, algo até comum no clima quente de Mendoza. Jean Christophe Meyrou, responsável pela área de vendas do grupo que tem vários châteaux franceses e a vinícola argentina Monteviejo, me dizia que foi obrigado a trazer de volta para a França o lote de Lindaflor, um dos meus rótulos preferidos do país andino. Tanto o branco quanto o tinto beiram os 16 graus.
Há realmente preocupação entre os ingleses com relação à graduação alcoólica dos vinhos. A influente autora inglesa Jancis Robinson tem abordado o assunto repetidas vezes em seu site – www.jancisrobinson.com -, aliás leitura e consulta obrigatória para quem se interessa por vinho. Me permito citar aqui a recente e oportuna entrevista que ela concedeu ao ” Letras do Café ” , jornal interno do mineiro Bruno Golgher, proprietário do ” Café com Letras ” de Belo Horizonte e que tomei conhecimento pela news-letter do incansável Marcio Oliveira. Perguntada sobre que acontecerá com a produção de vinho nos próximos 10 anos, ela respondeu que ” penso (espero!) que seu nível alcoólico irá baixar e que haverá uma redescoberta dos vinhos brancos no lugar dos tintos ” . Na seqüência, abordando o tema aquecimento global, Jancis volta a insistir, preocupada, na sua nefasta ligação com grau de álcool da bebida. (J.L.)

Fonte: Valor

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