Vendas despencam 10,8%
A atividade de seguros não conseguiu contornar os estragos da crise financeira na economia, como aconteceu nos últimos meses do ano passado, e as vendas em janeiro, da ordem de R$ 5,090 bilhões, despencaram 28,7% sobre dezembro e 10,8% frente a janeiro de 2008, segundo dados da Superintendência de Seguros Privados (Susep), que exclui o ramo saúde, sob alçada da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Os planos de vida geradores de benefício livre (VGBLs), que puxaram o crescimento do setor nos últimos anos, foram agora os responsáveis pela queda acentuada na receita das seguradoras. Sem o VGBL, o mercado cresceu ligeiramente 1,2% em janeiro, ante o primeiro mês do ano passado.
O tombo das vendas no VGBL situou-se bem acima do recuo médio do mercado. Enquanto em janeiro de 2008 as seguradoras faturaram com o produto R$ 1,946 bilhão, em janeiro último a receita caiu para R$ 1,284 bilhão: -34%. Na comparação com dezembro, o decréscimo foi ainda maior, de -58,6%.
O desempenho da carteira de automóvel, a segunda mais importante, também não ajudou o mercado a ostentar índice de crescimento mais animador em janeiro, desconsiderado o VGBL. A carteira de veículos caiu 8,4%, com os prêmios na casa de R$ 1,606 bilhão. Sobre dezembro, a queda foi de 5,7%. A receita do seguro de automóvel, associada à da cobertura de responsabilidade civil facultativa, ainda esboçou crescimento de 3,4%, para R$ 1,245 bilhão, mas apresentou queda de 12,5% em relação a dezembro, desempenho que teve influência decisiva para o fraco incremento do mercado nacional em janeiro.
VIDA. No segmento de pessoas, o terceiro mais importante do mercado, as seguradoras ainda conseguiram manter um nível de atividade mais vigoroso em janeiro, ao crescerem 11,5%, para R$ 1,036 bilhão. Em destaque, apareceram os seguros de vida, com expansão de 15,3% e receita acima de R$ 613 milhões. Os seguros de acidentes pessoais, por sua vez, faturaram R$ 183 milhões, alta de 12,1%.
Os dados da Susep mostram um quadro de estabilidade nos produtos com a função de proteger patrimônios (pessoais e empresariais), que caíram ligeiramente 1,1%. A receita foi a R$ 626 milhões em janeiro. A grande exceção nessa área foi o seguro de riscos de engenharia (construção), cujas vendas subiram nada menos que 77,2%, para R$ 34 milhões. Na modalidade de riscos nomeados e operacionais, com receita de R$ 148,4 milhões, a alta nas vendas foi de 6,7%. Em compensação, a receita do seguro de extensão de garantia de eletrodomésticos e eletrônicos, entre outros bens, despencou 24,3%, para R$ 127,5 milhões. Nos pacotes de riscos empresariais, também foi verificado um recuo, de 5,2%, com os prêmios situados em R$ 117,5 milhões. Na cobertura residencial, em tais pacotes multirriscos, que movimentaram R$ 90,5 milhões, houve incremento de 30,7%.
A área de transportes de mercadorias também se manteve estável em janeiro, frente a idêntico mês de 2008, com pequena queda de 0,7% e receita alojada em R$ 130,7 milhões. Nos seguros de exportação e importação, os prêmios de R$ 30,7 milhões cresceram 24,5%. Já o seguro de transporte nacional perdeu o ritmo, diminuindo 3,7%, para R$ 36,9 milhões. Queda foi observada ainda na cobertura de responsabilidade civil do transportador de cargas, de -9,3%, para R$ 35,5 milhões, e na cobertura de roubo de cargas, de -18,1%, para R$ 16 milhões.
Fonte: Jornal do Commercio