Unibanco tira AIG da marca da seguradora e espera sinal do Fed
O Unibanco aproveitou o fim de semana passado para desencadear uma ampla operação para tirar o nome da americana AIG, sua parceira há 10 anos, da marca da seguradora do grupo, a Unibanco AIG.
Na sexta-feira, o Unibanco havia anunciado que está negociando comprar a participação de 48% da AIG na joint venture. Severamente afetada pela crise internacional, a AIG teve que ser resgatada às pressas pelo governo americano em setembro. Antes uma das maiores seguradoras do mundo, a AIG está vendendo investimentos em outros países para saldar suas dívidas.
A situação acabou respingando nas operações no Brasil. Embora o presidente da seguradora Unibanco, José Rudge, tenha dito que a situação da AIG não estava prejudicando os negócios, o banco resolveu mudar a marca assim que assumiu as negociações para comprar a parte americana, na sexta-feira.
Segundo Rudge, o Unibanco investiu R$ 4 milhões na mudança da marca não só no site da seguradora como também nas apólices e demais materiais impressos, carro de socorro, automóveis, motos, reboques e pontos de venda.
A mudança no nome, esclareceu, foi feita com o consentimento da AIG e indica que o banco está confiante de que sua proposta de compra da participação da americana na seguradora brasileira será aceita.
A proposta, cujo valor não quis revelar, foi submetida pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano) a um comitê de venda de ativos e, segundo Rudge, deve ter uma resposta “nos próximos dias”. O Fed é o novo dono da AIG desde que liberou um empréstimo de US$ 85 bilhões para salvar a empresa, em setembro.
A joint venture foi criada em 1997. A AIG só tinha participação societária e não interferia nas operações da empresa. Na época da criação, a seguradora tinha menos de 1% do mercado local de seguros. Hoje, tem mais de 8% e é líder em alguns segmentos, como a área de grandes riscos. Em dez anos, a faturamento anual saltou de R$ 800 milhões para mais de R$ 6 bilhões.
Mas desde que começaram os problemas com a AIG lá fora, alguns clientes aqui começaram a procurar a Unibanco AIG. A principal preocupação era com relação aos planos de previdência complementar (como PGBL e VGBL), que são de longo prazo. A seguradora procurou os clientes e enviou cartas e mensagens para tranqüilizar o mercado.
A seguradora do Unibanco costuma responder por 8% dos ganhos do banco. Este ano, com a crescimento das operações, especialmente de previdência e varejo, a expectativa é de que essa participação vá para a casa dos 15%. A operação brasileira chegou a ser a quarta maior da AIG no mundo e responder por 50% do volume de negócios da americana na América Latina.
Com a expansão dos negócios, a avaliação é que o banco tem condições de tocar a seguradora hoje sem um parceiro internacional, que foi importante para trazer novos tipos de seguro para o país. A Unibanco AIG trouxe o seguro ambiental, até então inédito no país, mas que era vendido pela AIG há mais de duas décadas lá fora. Outro produto foi o Directors & Officers (D&O) que protege executivos de empresas contra ações judiciais. Mais recentemente, a seguradora ficou exposta por ter a apólice do avião da TAM que caiu no ano passado, além de ter o seguro da obra do Metrô em São Paulo que ruiu.
Fonte: Valor