Unibanco oferece seguro e conta corrente no Wal-Mart
O Unibanco, em uma parceria com a rede Wal-Mart, começa a usar a Hipercard como uma plataforma de distribuição de seus produtos financeiros. O banco funciona como uma espécie de miniagência dentro de 30 lojas da varejista, nas quais são oferecidos conta corrente, empréstimo pessoal, seguro e o pagamento de boletos. Em teste desde janeiro, o formato está sofrendo os últimos retoques para ser lançado em agosto.
Em 2004, quando a rede nordestina de supermercados Bompreço foi vendida, o Wal-Mart ficou com a operação de varejo, e o Unibanco com a Hipercard, a administradora de cartões. Em um acordo, a varejista se comprometeu a não fazer concorrência com o banco ao mesmo tempo em que a instituição financeira se encarregaria de oferecer crédito a seus clientes. Agora, eles se unem em uma parceria para ampliar os serviços ofertados, uma estratégia que agrada a ambos.
Para o Unibanco, essa foi a forma encontrada de usar sua bem-sucedida plataforma de cartões de crédito para atingir uma população pouco bancarizada. “Depois de anos de relacionamento com o público do Wal-Mart, identificamos o perfil e o risco específicos desses consumidores. Agora nos sentimos confortáveis para oferecer um leque maior de produtos”, afirma Augusto Lins, diretor do Hipercard, que tem 8,8 milhões de cartões emitidos.
A Hipercard funciona como um correspondente bancário do Unibanco, que faz o pagamento de contas, por exemplo. Outras empresas do grupo também realizam a distribuição de seus produtos: a Fininvest, com o empréstimo pessoal, e a AIG, com os seguros.
Por enquanto, a conta corrente que está sendo testada pela Hipercard cobra uma tarifa de R$ 9,5 por mês e oferece um pacote de serviços, como cheque especial. Não é exigido um depósito inicial, mas pede-se uma renda mínima de R$ 400. “A aceitação tem sido muito boa. Muitos correntistas estão abrindo sua primeira conta, enquanto outros estão na segunda”, explica Lins. Ele não faz, porém, projeções do tamanho que a operação pode tomar. Para atrair novos clientes, o Hipercard também está criando até cursos de finanças pessoais.
O interesse do Wal-Mart nos serviços bancários é mundial. No ano passado, depois de fracassadas tentativas de ter um banco, a varejista anunciou uma ofensiva para acelerar a abertura de lojas de produtos financeiros. Até o fim deste ano, a meta é ter mil unidades, o que equivale a 25% dos supermercados da rede nos Estados Unidos. No México, começou a operar em 2007 o banco Wal-Mart.
“Quando escolhe um supermercado, o cliente também pensa em comodidade. Quanto mais serviços houver dentro da loja, melhor. Por isso queremos ser bastante agressivos nessa área”, diz Antônio Guimarães, vice-presidente financeiro do Wal-Mart. A rede, que cede seu espaço, será remunerada segundo a quantidade de produtos financeiros vendidos em suas lojas.
Um outro serviço que está em ampliação no Wal-Mart são os cartões de benefícios, mas em parceria com a Good Card. Começaram na região Sul, agora chegam ao Nordeste e devem se expandir por todo o país. O Wal-Mart fecha contratos com empresas que dão cartões vale-compras a seus clientes e não cobra por isso. O ganho está na fidelização desses trabalhadores, que só podem comprar dentro das lojas da varejista.
A distribuição de produtos financeiros tem despertado a atenção dos supermercados. O Carrefour abriu seu próprio banco no país. Entretanto, o foco ainda está concentrado nos cartões de crédito e nos seguros. No fim do ano passado, a instituição começou a oferecer cartões com a marca Carrefour e com a bandeira Visa, que podem ser usados fora das lojas. Dos 8,5 milhões de cartões emitidos, 250 mil são dessa modalidade. Nos seguros, a rede oferece em parceria com a seguradora Cardif três tipos de apólices e, até o fim do ano, serão mais três.
Para aumentar as vendas, o Carrefour também passou a colocar vendedores dentro das áreas de venda. “Na hora que o cliente vai comprar uma geladeira, ele já pode se interessar por um seguro residencial”, explica Ricardo Barreto, diretor de produtos do Carrefour.
Procurado pelo Valor, o grupo Pão de Açúcar, que tem uma financeira com o Itaú, informou que preferia não se pronunciar neste momento.
Fonte: Valor