Uma reflexão sobre o mercado de trabalho
Escassez de talentos e o que mudou na última década foram os temas abordados no VII Encontro de RH Mercado Segurador, realizado pela Escola Nacional de Seguros
O Brasil enfrenta uma escassez generalizada de falta de mão de obra qualificada nos mais diversos setores da economia. Para traçar este panorama, a Escola Nacional de Seguros realizou ontem, 9 de outubro, o VII Encontro de RH Mercado Segurador, em São Paulo, voltado para os profissionais da área de recursos humanos das seguradoras.
Maria Helena Monteiro, diretora de Ensino Técnico da Escola Nacional de Seguros, abriu o encontro abordando os trabalhos que têm sido feito pela escola cujo objetivo é a formação profissional, tanto presencial como a distância. Com foco nas demandas de mercado, a escola tem desenvolvido cursos para atender as necessidades da indústria de seguros. Todos os anos, cerca de 10 mil alunos passam pela escola, afirmou.
O que mudou no Brasil
Sociólogo do trabalho e professor da USP, Ruy Braga retratou as principais mudanças no mercado de trabalho nos últimos anos. O País cresceu muito na última década, houve aumento da renda e do consumo. E, ao mesmo tempo, nós tivemos a massificação do ensino de segundo grau; acesso à formação superior, mas de baixa qualificação, o que resultou em uma massa de gente no mercado de trabalho sem qualificação, pontuou.
Além disso, disse ele, em uma década, 2003 a 2012, a grande oferta de empregos foi na área de serviços. Neste período, todos os anos cerca de 2,1 milhões de jovens entraram no mercado formal, a maioria, 63%, no setor de serviços com uma remuneração de até um salário mínimo e meio.
Hoje, com uma taxa de desemprego na casa dos 5%, o Brasil se orgulha de estar distante dos países da zona do euro cujas taxas de desemprego entre os jovens são alarmantes. Mas, por outro lado, vive uma escassez de talentos em cargos que requer mais qualificação.
Nesse ponto de vista, Braga não vê uma mudanças significativas a curto prazo. O mercado de trabalho continuará aquecido, mas com condições duras e ruins, principalmente para os jovens que não foram devidamente preparados, analisou.
Segundo Martha Gabriel, diretora de Tecnologia da New Midia Developers, é esse cenário que reflete no apagão de talentos. Cada vez mais, o mercado de trabalho demanda pessoas criativas que desenvolvem sistemas. Antes, quem tinha informação (era industrial) tinha poder. Hoje, na era na inovação (digital) os intermediários deixam de existir nas empresas. Por isso, há o apagão de talentos no Brasil, comentou.
Para ela, o que falta é preparo, educar as pessoas nesta era digital. Qualquer pessoa pode ter acesso à informação. Mas antes da inclusão digital é preciso preparar as pessoas para que elas saibam usar as ferramentas para desenvolverem a criatividade e se aprimorarem. A evolução digital requer educar com qualidade, defendeu.
Ainda no tema escassez de talentos, Roberto Martins, gerente Senior da PricewaterhouseCoopers (PwC), comentou que na 16ª Pesquisa Global realizada junto a CEOs, no Brasil, 71% dos participantes disseram que o maior desafio é a indisponibilidade de capital humano. E, entre as prioridades, eles apontaram que em primeiro lugar está a estratégia para gestão de talentos e, em segundo, a busca de novas formas de gerir talentos, citou.
No entanto, analisou Martins, enquanto que as empresas se focam nos profissionais mais jovens, elas perdem a oportunidade de trazer para dentro de casa pessoas mais experientes. Ao mesmo tempo em que há escassez de talentos, as empresas não têm programas, gestão, para atrair as pessoas com potencial. Elas têm uma visão que as pessoas mais velhas podem custar mais caro, sem analisar o que elas podem agregar na organização com o conhecimento que têm, concluiu.
Atrativos
Considerada uma empresa inovadora, com uma cultura voltada ao relacionamento, exemplos e modelos, Monica Santos, diretora de RH para a América Latina do Google, participou evento, contando como é o ambiente de trabalho no Google.
A empresa valoriza muito a formação profissional e o desenvolvimento constante; incentiva e dá muita liberdade para as pessoas terem iniciativas; e a contratação de novos profissionais não é voltada ao imediatismo, mas sim na busca por pessoas realizadoras que se enquadrem no perfil da empresa, afirmou.
Em relação aos benefícios, Monica contou que a empresa se preocupa muito com o ambiente de trabalho. Tanto que as coisas mudam no RH conforme o feedback das pessoas e a avaliação do desempenho de cada um se dá pela meritocracia, finalizou.
Fonte: CQCS
