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Um novo alvo dos hackers: os portos brasileiros

Com uma corrente de comércio de US$ 499,8 bilhões em 2021, sendo US$ 280,4 bilhões em exportações, o Brasil depende da eficiência e agilidade do seu sistema portuário para se manter competitivo no disputado mercado em que está inserido, com predominância de commodities agropecuárias e minerais.

No seu cenário mais realista, o Plano Nacional de Logística 2035, divulgado em 2021, prevê investimentos de R$ 59,5 bilhões no sistema portuário, cujo controle vem sendo progressivamente passado às mãos da iniciativa privada por meio de leilões de concessão.

Para além da necessidade de aparelhamento adequado, uma ameaça global cada vez mais presente vem tirando o sono dos operadores: os ataques cibernéticos feitos por quadrilhas de hackers que exigem resgates vultosos para restabelecer a normalidade dos sistemas informatizados.

Em 2021, essa máquina oculta de crime digital pode ter alcançado, entre resgates exigidos e prejuízos às atividades, a fantástica cifra de US$ 6 trilhões, segundo estimativa da consultoria alemã Roland Berger, amplamente difundida.

O número colocaria a pirataria cibernética, caso ela fosse um país, em terceiro lugar no ranking dos maiores PIBs do mundo, atrás dos Estados Unidos e da China.

Chave-mestre do comércio global, o sistema portuário vem sendo cada vez mais alvo favorito desses ataques. Em julho deste ano, o porto de Los Angeles, um dos mais movimentados do mundo, divulgou publicamente que tem recebido cerca de 40 milhões de tentativas de ataques por mês.

Em fevereiro, ataque a um dos terminais de contêineres do porto de Mombai, o maior da Índia, obrigou o desvio de navios para outros terminais do complexo, provocando atrasos e prejuízos. Em julho do ano passado, outro ataque provocou transtornos por várias semanas nos portos de Durban, Port Elizabeth, Ngqura e Cidade do Cabo, na África do Sul.

No Brasil, o terminal de contêineres do porto de Mucuripe, em Fortaleza (CE), foi alvo de um ataque hacker que causou perturbações no site da Companhia Docas do Ceará (CDC) e provocou lentidão por vários dias, obrigando ao retorno dos sistemas manuais de movimentação de cargas e gerando fila de navios para as operações de carga e descarga.

PROTEÇÃO

De acordo com o especialista Marcelo Branquinho, fundador e CEO da empresa TI Safe, especializada em sistemas de proteção cibernética, a situação dos portos brasileiros não é das melhores. “Não temos visto uma demanda grande dos portos por proteção. Eles deveriam ter muito cuidado com seus sistemas, mas o fato é que o tema da cibersegurança ainda não despertou fortemente o interesse dos seus dirigentes”, alertou.

Branquinho, que tem atendido grandes empresas do setor elétrico, outro segmento estratégico da infraestrutura, e vem negociando com alguns portos, disse que uma das razões para a baixa demanda portuária e em outros setores é que “as empresas enxergam a cibersegurança como custo, um dinheiro que elas vão gastar e não vão gerar payback”.

Essa avaliação, para o especialista, é superficial e perigosa. “O que está em jogo é a atividade- -fim daquelas empresas. Elas não percebem que aquilo que vão deixar de gastar em cibersegurança podem perder em horas de um ataque de hackers”, disse. 

Fonte: NULL

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